ATA DA QUADRAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 29.05.96.

 

Aos vinte dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e seis, reuniu-se, na Sala da Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze  minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz Dilamar Machado, Edi Morelli, Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’ Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo. Constada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA foram encaminhados: pelo Executivo Municipal, 01 Projeto de Lei do Executivo n0 30/96 (Processo n0 1514/96) e 02 Projetos de Lei Complementar do Executivo n0 s 06 e 07/96 (Processos n0 s 1528 e 1529/96); pelo Ver. Airto Ferronato, 01 Pedido de Informações n0 74/96 (Processo n0 1410/96); 03 Pedidos de Providências, e 01 Emenda n0 01 ao Projeto de Lei do Legislativo n0 58/96 (Processo n0 1116/96); pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Informações n0 71/96 (Processo n0 1376/96) e 02 Projetos de Lei do Legislativo n0 s 66 e 67/96 (Processos n0 s 1320 e 1348/96) e 01 Relatório da Comissão Externa constituída com o objetivo de acompanhar as tratativas do dissídio dos funcionários municipais de Porto Alegre; pelo Ver. Décio Schauren, 01 Projeto de Lei do Legislativo n0 73/96 (Processo n0 1504/96); pelo Ver. Fernando Záchia, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. João Dib, 01 Pedido de Informações n0 80/96 (Processo n0 1465/96); pelo Ver. Luiz Negrinho, 03 Pedidos de Providências; pelo Ver. Nereu D’ Ávila, 01 Projeto de Lei do Legislativo n0 71/96 (Processo n0 1407/96) e 01 Pedido de Informações n0 73/96 (Processo n0 1406/96); pelo Ver. Raul Carrion, 01 Emenda n0 01 ao Projeto de Lei do Executivo n0 67/95 (Processo n0 2401/95.) Do EXPEDIENTE constaram o Ofício n0 236/96 do Senhor Prefeito Municipal, encaminhando o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias - Projeto de Lei do Executivo n0 31/96 (Processo n0 1515/96) e Telegramas da Senhora Maria da Glória Schilling, Defensora Pública Geral do Estado,  do Senhor Berfran Rosado, Secretário de Estado do Trabalho, Cidadania e Assistência Social, do Deputado José Otávio Germano, do Senhor Nelson Proença, Secretário Geral do Governo do Estado, do Deputado Estadual Arno Frantz, do Senhor José Alceu Marconato, Presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre, do Senhor Telmo Frantz, Secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, do Senhor Jayme Sirotsky, Presidente do Conselho de Administração da RBS. Em PAUTA, Discussão Preliminar, Sessão, estiveram os Projetos de Lei do Legislativo n0 s 57 e 58/96; em 3a Sessão, o Projeto de Resolução n0 12/96, o Projeto de Lei Complementar do Executivo n0 05/96, o Projeto de Lei do Executivo n0  28/96 e o Projeto de Lei do Legislativo n0 64/96. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Secretário Municipal de Planejamento do Município, Senhor Newton Burmeister, que veio a esta Casa entregar as propostas de alteração da legislação urbanística de Porto Alegre, convidando-o para compor a Mesa. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença na Casa de inúmeros membros do Conselho do Plano Diretor e de funcionários da Secretaria do Planejamento Municipal. O Senhor Presidente também registrou o comparecimento dos Senhores Cézar Pureza, Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre – SIMPA – nos termos do Requerimento n0 113/96 (Processo n0 1478/96), de autoria Wilton Araújo e aprovado pelo Plenário – e do Senhor José Fernando Eichenberg, Secretário da Justiça e da Segurança do Estado. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Newton Burmeister que discorreu sobre os trabalhos dos grupos de discussão sobre a reforma do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Porto Alegre. Às quatorze horas e cinqüenta  e sete minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e dois minutos, constatada a existência de “quorum”. Em prosseguimento, o Senhor Presidente informou que foram encaminhadas tratativas para que o Diretor do Departamento Municipal de Limpeza Urbana comparecesse a esta Casa na sexta-feira para prestar esclarecimentos acerca do pagamento de horas–extras, insalubridade e periculosidade aos servidores daquela autarquia, informando também que o SIMPA ocupará a Tribuna Popular na próxima sexta-feira. Logo após, o Senhor Presidente registrou a presença do Coronel Bonetti, Comandante do Policiamento da Capital e do Delegado Bonet, Diretor do Departamento de Polícia Militar, convidando Suas Senhorias  a integrarem a Mesa, registrando também o comparecimento dos Comandantes do 10, 90 e 110 Batalhões da Polícia Militar e  da Companhia Independente da Restinga. Logo após, o Senhor Presidente concedeu a apalavra ao Senhor José Fernando Eichenberg, Secretário da Justiça e da Segurança do Estado, que discorreu sobre problemas da segurança pública no Município, trazendo dados e diversas informações ao conhecimento de Suas Excelências. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a apalavra aos Senhores Vereadores para que formulassem questionamentos e considerações, o que foi feito pelos Vereadores José Valdir, Luiz Negrinho, Raul Carrion, Jocelin Azambuja, Airto Ferronato, Dilamar Machado, Pedro Américo Leal, Henrique Fontana e Gerson Almeida, sendo que os questionamentos foram respondidos pelos Secretário José Eichenberg, pelo Coronel Bonetti e pelo Delegado Bonet. Às dezoito horas e um minuto, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e suspendeu regimentalmente os trabalhos, sendo os mesmos reabertos às dezoito horas e nove minutos. Na oportunidade o Senhor Presidente apregoou o Projeto de Resolução n0 15/96 (Processo n0 1516/96), de autoria da Mesa Diretora. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Ver. Isaac Ainhorn discorreu sobre a gratificação de incentivo técnico aos funcionários detentores de cargo de nível superior ou equivalente do Município. A seguir, nos termos do artigo 94, § 10, “f” do Regimento Interno, o Senhor Presidente concedeu Tempo Especial ao Ver. João Dib, ocasião na qual Sua Excelência discorreu sobre o relatório da Comissão Externa constituída para acompanhar o dissídio dos funcionários públicos municipais. Às dezoito horas e trinta e três minutos, esgotado o tempo regimental da presente Sessão, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Durante os trabalhos foram registradas as presenças da Senhora Betânia Alfonsin, representante do Fórum Municipal da Reforma Urbana, do Senhor Sérgio Bottini, Presidente da Sociedade de Engenharia, de Conselheiros do Conselho Municipal de Acesso à Terra, do Senhor Carlos Comazeto, representante dos Produtores  da Zona Sul, da Senhora Lenora Ulrich, ex-Diretora do Departamento de Esgotos Pluviais, da Senhora Virgínia Muzzell, Supervisora da Reformulação do Plano Diretor, do Senhor Jorge Branco, Secretário Substituto da Secretaria de Planejamento do Município, da Senhora Clea Oliveira, Supervisora da Secretaria de Planejamento, do Senhor Rogério Malinski, Conselheiro do Plano Diretor pela Fundação de Economia e Estatística, do Senhor Édson Mafuz, representando o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, do Senhor Getúlio Alves, representando a Associação Gaúcha dos Loteadores, da Senhora Maria da Conceição Lopes da Silva, representante da Superintendência de Planejamento e Desenvolvimento Urbano do Estado e de diversos representantes de entidades e associações que fizeram parte do processo de reformulação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano da Cidade. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Mário Fraga e Edi Morelli e secretariado pelo Ver. Fernando Záchia. Do que eu, Fernando Záchia, 10 Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 

ERRATA

 

ATA DA QUADRAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA -  EM 29.05.96.

 

-  Devem ser desconsideradas as informações relativas ao período de PAUTA, tendo em vista que o mesmo não ocorreu durante esta Sessão.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Registramos a presença do Secretário Municipal do Planejamento, Sr. Newton Burmeister, que comparece a esta Casa em missão nobre, especial, a quem convidamos para integrar a Mesa.

 

O SR. AIRTO FERRONATO (Requerimento): A Escola de Engenharia da UFRGS completa cem anos. Eu apresentei um pedido para uma Sessão Solene. Conversando com o pessoal da UFRGS, há um interesse de que a Sessão se desenvolva no Salão de Atos da UFRGS, no dia 10 de agosto. Como já completei a minha quota, estou propondo que a Mesa ou outro vereador encaminhe proposta nesse sentido, até porque, no ano passado, assim nós procedíamos.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai localizar o Processo. Este Presidente tinha que o autor do Requerimento era o Ver. João Dib, mas parece que é V. Exa.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Esse Processo está no meu gabinete. Precisaria marcar com a Escola de Engenharia, porém, há o problema da greve. Um funcionário meu iria, hoje, lá na Escola de Engenharia, mas o Ver. Airto Ferronato traz uma nova informação. Não sei se é possível fazer como quer a Escola de Engenharia.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Se já existe o Requerimento, eu retiro o meu.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós tínhamos que verificar isso. Mas a Mesa informa, primeiramente, que a disposição da Lei Orgânica e do Regimento prevê a realização deste Plenário, fora do recinto da Câmara de Vereadores. Aliás, esse procedimento já se verificou em outras oportunidades, como no Dia Internacional da Mulher e do Grêmio Náutico União, a Requerimento do Ver. João Dib. Portanto, resta com amparo legal a pretensão de V. Exa., desde que solicitada no momento adequado e por escrito.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Como já requeri uma Sessão Solene, significa que este Vereador já não tem mais possibilidade.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa será sensível ao entendimento que está sendo mantido com V. Exas., para não contabilizar na quota de V. Exas., se é esse o problema que está afligindo o nobre Vereador, na certeza de que o centenário da Escola de Engenharia de Porto Alegre é extremamente importante.

Nesta oportunidade, registramos, com satisfação, a presença do Secretário Municipal do Planejamento, Arquiteto Newton Burmeister, que comparece nesta Casa numa missão especial de alta relevância que julgamos extremamente importante, pois traz aquilo que se constitui na primeira parte das alterações da legislação urbanística de nossa Cidade de há muito aguardada. Registramos também, com satisfação, a presença de inúmeros membros do Conselho do Plano Diretor e funcionários da Secretaria Municipal de Planejamento, o que muito nos honra. Com eles teremos, com certeza, um convívio muito profícuo, porque, no curso da tramitação desse projeto, deveremos contar com a colaboração desses funcionários para o esclarecimento de questões técnicas presentes nesse projeto, primeiro, tratando da regulamentação do solo criado e, a outra, que promove uma primeira etapa de alterações na Lei Complementar n0 43/79, que trata do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano da Cidade de Porto Alegre. É com satisfação que, nesta oportunidade, recebemos o Secretário de Planejamento, Newton Burmeister e funcionários dessa Secretaria. Creiam que sua presença nos honra neste momento, pois tem um significado muito especial. Alerta-me o Secretário do Planejamento sobre a presença de membros da Coordenação-Geral do “Cidade Constituinte”, que se fazem aqui presentes. Queremos dizer que este ato, a solenidade da entrega desses documentos, é extremamente positiva. A solenidade que se dá ,e motivada pela envergadura da matéria que iremos tratar, a partir de agora, com a certeza de que teremos tempo para enfrentar toda discussão neste ano.

Portanto, nós gostaríamos de oferecer a palavra ao Sr. Secretário de Planejamento para que se pronuncie em um prazo breve, já que hoje teremos uma Sessão de muito trabalho nesta data. Após a presença do Secretário do Planejamento, teremos a presença do Secretário Hideraldo Caron, que vem fazer alguns esclarecimentos.

Também temos a presença do Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, que já se encontra presente e o Secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, que vem tratar da questão na segurança na Cidade de Porto Alegre.

 

O SR. DILAMAR MACHADO (Questão de Ordem): Tendo em vista o exposto por V. Exa., respeitando a presença do nobre Secretário Burmeister e a responsabilidade quanto ao assunto que nos liga – o conhecimento do Diretor de DMLU – quanto a presença do Secretário de Segurança, sugiro a V. Exa que, ouvido o Plenário, estudemos a possibilidade de transferir para outra possibilidade a ouvida do Sr. Diretor do DMLU, tendo em vista que o tempo ficará escasso para um assunto muito importante. 

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de mais nada, nós convidamos para integrar à Mesa o Sr. Diretor-Geral do DMLU, que, neste momento, é convidado desta Casa para aqui comparecer para prestar esclarecimentos. Evidentemente, faremos a consulta ao Diretor do DMLU para ficarmos ciente da sua agenda.

 

O SR. WILTON ARAÚJO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, estou plenamente de acordo, porque os assuntos têm relevância e o convite que foi feito ao Diretor-Geral do DMLU realmente vai tomar, segundo a previsão nossa, cerca de uma a duas horas. Então, nos quinze ou dez minutos que vão restar, antes da chegada do Secretário Eichenberg certamente o assunto não vai nem ser iniciado como deveria. Para não desmerecer a presença de tão ilustres convidados, isso seria mais adequado para que a Câmara também tivesse a função que pretende desenvolver.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu informo a V. Exa. que já consultei o Diretor do DMLU e ele anuiu na sua vinda, aqui, na sexta-feira.

Convidamos o Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, César Pureza, para integrar a Mesa dos trabalhos no dia de hoje. Na sexta-feira, teremos o SINDICÂMARA na Tribuna Popular. Como são apenas dez minutos, isso não vai gerar uma contradição com a situação de que não possamos enfrentar esses assuntos durante a manhã e no transcorrer da sexta-feira.

Nós registramos a presença da Sra. Betânia Alfonsin, representante do Fórum Municipal da Reforma Urbana e de Conselheiros do Conselho Municipal do Acesso à Terra; Eng. Sérgio Bottini, Presidente da Sociedade de Engenharia e responsável pelo Centro 24 horas; do Representante dos Produtores  da Zona Sul – Carlos Comazeto; da ex-Diretora do DEP – Lenora Ulrich; da Supervisora da Reformulação do Plano Diretor – Sra. Virgínia Muzzel; do Secretário Substituto da Secretaria de Planejamento – Cleia Oliveira; do Conselheiro do Plano Diretor, pela FEE (Fundação de Economia e Estatística) – Rogério Malinski; representando o Programa de Pós-Graduação Arquitetura UFRGS – Prof. Édson Mafuz, da representante da Associação Gaúcha dos Loteadores – Getúlio Alves; da representante da METROPLAN – Maria Conceição Lopes da Silva; e representantes de várias entidades e associações que fizeram parte do processo do Plano Diretor e cujos nomes não nos foram entregues, razão pela qual deixamos de referi-los.

Nós queremos dizer da nossa satisfação de ter todos os Senhores aqui acompanhando esse processo solene, dessa entrega ao Legislativo da Cidade de Porto Alegre, a expressão maior daquilo que se consubstancia na representação política da Cidade de Porto Alegre e que expressa um sentimento maior da chamada democracia representativa. Por isso a nossa satisfação de receber os Senhores aqui nesta tarde. Nós passamos a palavra ao Sr. Newton Burmeister para que faça uso da palavra.

 

O SR. NEWTON BUERMEISTER: Sr. Ver. Isaac Ainhorn, muito digno Presidente desta Casa; Sr. Ver. Fernando Záchia, Secretário da Mesa, Srs. Vereadores, Srs. Representantes da Coordenação-Geral da Cidade Constituinte, Srs. Representantes das diversas instituições e conselhos vinculados a este propósito de legislação que hoje encaminhamos. É com muita satisfação que vimos a essa Casa para, depois de um trabalho que se desenvolveu durante os anos de 93, 94, 95 nas suas diversas fases, a partir do projeto “Porto Alegre mais, Cidade Constituinte” quando discutimos a Cidade nos seus mais diversos aspectos e complexidade, basicamente envolvidos naquele conjunto de informações que tratam da organização territorial, do transporte coletivo, do desenvolvimento econômico e de outros instrumentos, para suportar um desafiador problema que se insere sobre as nossas cidades, que é o do acesso à terra e à habitação.

Nestes contextos, produziu-se juntamente com diversas Secretarias e com essas interlocuções todas, congregadas e constituídas na coordenação geral, um processo e uma metodologia de avançarmos significativamente sobre alguns pontos desafiadores da Cidade, posso, na síntese de nominar os grupos de trabalho, identificar os tipos de desenvolvimento, e que acompanha essa legislação uma que regulamenta o solo criado e outra que modifica aspectos legislativo da Lei Complementar 43 que diz respeito ao sistema de planejamento e gestão que envolve toda uma produção dessas variadas visões sobre a Cidade e interlocuções que, nos projetos de lei que hoje apresentarmos, sintetizam os encaminhamentos de uma fase nova para o nosso desenvolvimento urbano.

É importante que venha a essa Casa a síntese dos grupos de trabalho, regionalização que divide a Cidade em regiões de planejamento e identifica nelas toda a diversidade urbana existente, as diversas existentes na Cidade para aproximar muito mais essa questão do planejamento urbano dos debates daqueles que serão ou agentes ou pacientes do processo de organização da Cidade.

A questão de circulação e transporte tem uma matriz inevitavelmente estratégica para a Cidade, porque sobre ela se fará e se organizará todo o procedimento da circulação,  da mobilidade das relações, constituídos e amparados por um conceito de policentralidade e zoneamento de usos. Um projeto que aprofundou e analisou com bastante adequação a questão do adensamento urbano.

A questão dos dispositivos de controle deverão complementar esse primeiro conjunto de informações que tratam da organização da Cidade, sob o ponto de vista da sua morfologia e ocupação, e esse processo estabeleceu junto com seus interlocutores que plano diretor não é tão-somente lidar com índices ou características desse tipo. Ele vai um pouco mais além. E temos a certeza de que a visão desta Casa irá compreender e irá aperfeiçoar todo esse procedimento.

A questão do patrimônio natural que, pelo crescimento e pela velocidade, a Cidade tem tido, começamos a fazer fronteiras com essas situações anteriormente identificadas com áreas de interesse paisagístico e cultural.

Por fim e destacadamente o faço por conta de um grupo de trabalho que tratou de subsídios para uma política habitacional que não comparecia no anterior plano diretor e que neste o faz com uma incidência expressiva, formulando o balizamento importante para que a sociedade, a Câmara e todas aquelas intervenções que tratam desse problema urbano se façam sob óticas muito mais enriquecidas do que aquelas que ordinariamente obtivemos.

Temos outros instrumentos, hoje, como os diversos conselhos que se configuram e que se configurarão, como o Conselho Municipal do Plano Diretor que faz parte desse conjunto de legislações que amplia a participação comunitária, abrangendo as oito regiões em que a Cidade foi dividida para efeito de planejamento, que contempla também as representações institucionais das diversas esferas do Governo e as representações das entidades de assessoria das organizações não governamentais. Enfim, constituindo-se assim num conjunto de quadros, de posicionamentos capazes de fazer com que esse Conselho do Plano Diretor, articulado com outras situações, venha a produzir interpretações e visões de política sobre a Secretária de Planejamento e sobre o planejamento da Cidade, que é bastante forte e qualificado.

Não poderia deixar de destacar a presença daqueles que aprimoraram a discussão desse processo. Esse processo não se baseou somente no âmbito técnico, como essas matérias tradicionalmente exigem. Essa matéria foi discutida com as diversas divisões que a sociedade possui. Essas divisões têm interesses contraditórios, e essas medidas foram discutidas nesse âmbito; não foram medidas em outro âmbitos.

Esperamos que esse conjunto e o conjunto que virá tenha a capacidade de sintetizar as medidas. Foram reuniões de trabalho com as diversas interlocuções que nem sempre foram coincidentes, mas sempre foram produtivas, o que dá a esse conjunto uma substância com uma origem bastante qualificada sob o ponto de vista de um projeto de lei.

Quero destacar, sem esquecer as outras participações, a participação dos técnicos da Prefeitura Municipal na produção dos insumos para os debates, buscando todas as experiências possíveis e até aquelas que eram quase impossíveis. Quero destacar, especialmente, os funcionários da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano que demonstraram a qualidade que ali está colocada à disposição da comunidade para fazer encaminhamentos desafiadores sobre a questão do desenvolvimento urbano. Saímos de uma secretaria normativa, reguladora e passamos para uma fase prospectiva, de maior ambição. Destaco também a presença incontestável e necessária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através da Faculdade de Arquitetura, com seus programas que estão ajudando muito a base teórica numa relação de aplicação prática nas questões do Plano Diretor. Encaminho, formalmente, o material que é uma síntese desse conjunto de alterações da legislação. Tenho certeza de que nas Comissões, nas diversas necessidades exigidas pela Câmara Municipal haveremos de ter, pelo que foi produzido, uma capacidade de informação positiva e depositamos nesta Casa a nossa confiança da sua sensibilidade com relação ao desafio urbano que hoje se constitui para as nossas cidades e, em especial, para a nossa Cidade.

Começa amanhã um Encontro Internacional, promovido pela ONU, que traz como pauta “Os desafios nas cidades”. Num mundo em que 50% da população já vive nas cidades e num País onde, hoje, 75% da população já é urbana. Porto Alegre, tenho dito e repito, tem tido uma velocidade de crescimento muito diferenciada das outras, mas teve, nestes últimos 30 anos, uma característica que lhe acumulou débitos sociais muito fortes que precisam ser resgatados.

Agradeço a oportunidade, Senhor Presidente, faço formalmente a entrega das propostas que alteram o Plano Diretor, com todo o respeito que tenho por esta Casa e em respeito àqueles que colaboraram conosco durante todo esse período. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Mais uma vez agradecemos a deferência do Sr. Secretário e a sua atenção, comparecendo pessoalmente a esta Casa para fazer a entrega dessas propostas que alteram o Plano Diretor e regulamenta o Solo Criado da Cidade de Porto Alegre. Temos certeza de que o Sr. Prefeito Municipal só não se encontra aqui, tendo em vista a sua viagem a Istambul.

Vamos determinar o encaminhamento dessas propostas ao protocolo para iniciarmos a sua tramitação, e colocarmos à disposição dos Srs. Vereadores uma cópia que receberão amanhã em seus gabinetes. Não vamos entregar hoje, porque o representante do Sr. Prefeito Municipal nos informa que trará uma cópia para cada um dos Srs. Vereadores, assim economizaremos quatro mil cópias, pelo cálculo que acabamos de fazer. Recebemos com satisfação essa colaboração aos trabalhos deste Legislativo, preservando, evidentemente, a autonomia no exame da matéria.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Os trabalhos foram suspensos às 14h57min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h02min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO (Questão de Ordem): Gostaria que me fosse respondido pela Presidência, neste momento, se, quando o Vereador Líder de uma Bancada solicita Liderança, ele de imediato não deve ser atendido, porque, no início dos trabalhos, eu gostaria de aproveitar a presença do senhor Secretário e do Diretor do DMLU, solicitei Liderança para tratar de assunto importante, e V. Exa. não me cedeu naquele momento, dizendo da importância da presença do senhor Secretário. Entendo que era importante, mas o senhor conduziu de uma maneira como se eu estivesse impedido de usar a Liderança naquele momento.   

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de mais nada, minhas escusas com V. Exa. Acontece que estamos premidos por tempos regimentais, porque, por sua sugestão também, teremos a presença do Secretário da Segurança Pública, tínhamos a manifestação do Diretor Municipal de Limpeza Urbana, e estamos tentando adequar tempos. O Secretário do Planejamento nos solicitava a antecipação, porque ele tinha um outro compromisso. Efetivamente, recebemos pessoalmente a sua solicitação do uso de Liderança. Está anotado. Tínhamos entendidos que, tão logo encerrássemos o tempo da manifestação de entrega dos documentos de legislação, passaríamos o tempo a V. Exa. Acredito que tenha sido um mal-entendido, porque, não estando na Ordem do Dia, a qualquer Líder partidário assiste o uso do tempo de Liderança.

Passamos a palavra a V. Exa., se assim o desejar. 

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Desisto.

 

O SR. JOÃO VERLE (Questão de Ordem): Sr. Presidente, com base nos art. 62 e 54 do Regimento, na reunião de ontem da Comissão Especial do Orçamento Participativo foram dados por concluídos os trabalhos e foi votado o Parecer do Relator Ver. Luiz Braz, no entanto, havia, na hora da votação, 6 Vereadores presentes. Tivemos 3 votos favoráveis, 2 contrários e 1 abstenção. De acordo com o entendimento da Casa, pelo menos o que está sendo examinado pela Comissão de Justiça, se não me equivoco, não houve maioria para a aprovação do relatório. Gostaria, nesta Questão de Ordem, de pedir uma orientação a V. Exa., já que a Comissão se extinguiu na medida em que seus trabalhos foram encerrados, sobre se eu devo encaminhar algum Recurso à Mesa ou a esta Presidência para que este assunto seja dirimido, porque tenho entendido que não foi aprovado o relatório da Comissão Especial.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe a formulação feita em Questão de Ordem por V. Exa. A matéria, inegavelmente, é de razoável complexidade, razão pela qual solicitaria que V. Exa., tendo em vista a extinção da Comissão, formulasse esta Questão de Ordem como uma consulta à Mesa da Casa para uma avaliação, que será oportuna e brevemente respondida a V. Exa. 

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, a Comissão Externa constituída com o objetivo de acompanhar as tratativas do dissídio dos funcionários municipais de Porto Alegre já tem as suas conclusões. Eu pergunto a V. Exa. se disporíamos de tempo para fazer um resumo do parecer e das conclusões.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa lhe responderá brevemente.

 

O SR. NEREU D’ ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu não entendi bem a resposta ao Ver. João Verle. Que tipo de Recurso ele formulou?

 

O SR. PRESIDENTE: Ele formulou tão-somente uma Questão de Ordem, que pedimos fosse formulada por escrito dada a complexidade da matéria. Relatou-nos que o relatório da Comissão Especial que trata do Orçamento Participativo foi aprovado por três votos favoráveis, três contrários e uma abstenção. A sua indagação é se com esses números o relatório estaria aprovado ou não. É isso, Ver. Verle? Recebemos a sua formulação, mas dada a complexidade razoável da matéria fizemos uma solicitação para que fizesse esse questionamento por escrito à Mesa Diretora, que procurará responder.

 

O SR. NEREU D’ ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu acho que o despacho de V. Exa. é perfeito, mas eu solicitaria a V. Exa. que ouvisse a Auditoria e, principalmente, que o Recurso do Vereador fosse fundamentado, porque eu não estou vendo fundamento jurídico no recurso.

 

O SR. PRESIDENTE: Essa matéria da soma de abstenções e de votos “não”, eu tenho para mim que já foi resolvida pela Comissão de Constituição e Justiça de forma definitiva, inclusive com posições aqui de dentro do Plenário sobre a matéria.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o resultado a que chega a Comissão Especial é trazida ao Plenário para conhecimento dos Vereadores. Esse resultado e o Parecer não são votados pelos Vereadores da Casa, no Plenário. O resultado e o Parecer apenas são enviados ao Plenário para conhecimento. O fórum para qualquer tipo de recurso é exatamente a própria Comissão Especial. Seria na Comissão Especial que o Ver. João Verle, que é membro da Comissão, deveria ter protestado com relação ao resultado. Já não é mais o fórum, na verdade, a Mesa da Câmara Municipal, não é o Plenário da Câmara – dirigido pela Mesa – que vai resolver se o Parecer vai ser acatado ou não. O Parecer é o Parecer da Comissão.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, entendemos as ponderações de V. Exa. e consideramos o assunto acabado, mas não podemos deixar de receber um requerimento que consulta a Mesa sobre matéria de interpretação legal em relação à Comissão Especial que tramitou nesta Casa. Inclusive, não recebi, ainda, do Presidente da Comissão, manifestação no sentido de que tenham sido encerrados seus trabalhos. Na condição de Presidente da Casa, sou cientificado de que não recebi, mas posso mandar ouvir o Presidente para que informe tudo o que aconteceu na Comissão. Tenho conhecimento de que a Comissão se reuniu e examinou o Parecer, mas não tenho o resultado oficial.

 

 O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Sr. Presidente, tenho tramitando, nesta Casa, um Projeto de Lei que altera o art. 50 da Lei Orgânica, propondo o Orçamento Participativo na Câmara, que recebeu o n0 1/96, se não me falha a memória. Requeiro a V. Exa. que me informe – se possível, ainda durante esta Sessão – três questões sobre esse Projeto: primeiro, quais as etapas que o Projeto já venceu na sua tramitação; segundo, quais são as etapas por vencer; e, por último, qual é o paradeiro do Projeto, porque parece que ele entrou numa inércia de tramitação.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa lhe responderá oportunamente.

Registramos, com muita satisfação, a presença, a nosso convite, do Sr. Secretário da Justiça e da Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul – José Cirne Lima Eichenberg – a quem convidamos para integrar a Mesa Diretora dos trabalhos. De imediato, agradecemos seu pronto comparecimento a esta Casa. Fizemos um rápido contato por telefone, há 48 horas, com o Sr. Secretário, sabemos da sua agenda complexa, e mesmo assim se dispôs, imediatamente, a comparecer a esta Casa.

Gostaríamos, também, de convidar, para integrar a Mesa, o Cel. Bonetti, Comandante do Comando de Policiamento da Capital; o Delegado Bonet, Diretor do DPM; os Comandantes do 10, 90, 110 Batalhões, e, também da Companhia Independente da Restinga.

Gostaríamos de ouvir V. Exas. como gostariam de conduzir os trabalhos. Os Srs. Vereadores gostariam, inicialmente, de formular algumas questões? Ou, de imediato, passaríamos a ouvir os nossos convidados, a quem, mais uma vez, pela sua disposição, com toda a representatividade do cargo do Sr. Secretário e de todos os responsáveis pela segurança pública da Capital, agradecemos de forma muito vigorosa a atenção de aqui comparecerem nesta tarde.

 Gostaríamos de ouvir de V. Exas. alguma formulação.

Vamos abrir os trabalhos desta Sessão que envolve a questão da segurança pública partindo de um ponto. Apesar de que do ponto de vista legal não compete à Câmara de Vereadores, Sr. Secretário, demais convidados, atuar legalmente sobre a questão da segurança, na realidade, no cotidiano do exercício de  nossa atividade político-parlamentar nós somos instados a uma ação diária numa das questões mais aflitivas em nossa Capital, na Região Metropolitana, e que não é um fato específico de nossa Capital e de nossa Região Metropolitana, mas que, também, é uma questão de todas as capitais brasileiras, hoje.

Aqui há vereadores que estão, inclusive, nesta luta pela melhoria das condições de segurança em nossa Cidade. Ver. Pedro Américo Leal, suas próprias origens vem da área de segurança pública e em outras épocas exerceu o cargo de chefe de polícia em nosso Estado.

Outros Vereadores têm na sua atuação, uma preocupação permanente nessa área, na luta pela melhoria das questões de segurança, na implementação de viaturas, um maior número de contigente de policiais militares, pela melhoria de nessas delegacias de polícias, postos policiais. Aqui desta Casa já houve algumas iniciativas de criação de postos policiais. Recentemente a inauguração da primeira Companhia do Centro da Cidade, uma parceria da Prefeitura Municipal e o Governo do Estado. O Ver. Pedro Américo Leal lutou durante muito tempo para que isso se tornasse realidade. Tantos outros Vereadores, como o Ver. Edi Morelli que também tem uma atuação nesta área na Restinga, Ver. Luiz Negrinho, Ver. José Valdir, Ver. Nereu D’ Ávila e tantos outros que se preocupam atuam com esta questão. Por esta razão nós vamos passar a palavra para o Senhor Secretário Eichenberg para  que fosse feita uma apresentação básica e a partir daí nós fôssemos, então, a algumas questões pontuais, que, com certeza, os Vereadores gostariam de expor ao Senhor e aos demais convidados que se fazem presente nesta Sessão.

Com a palavra o Sr. José Einchenberg.  

 

O SR. JOSÉ EICHENBERG: (Saúda os componentes da Mesa.) Na semana passada, estivemos nesta Casa, convidados que fomos por uma comissão desta Casa, também para debater a questão da segurança pública naquele momento, dentro do Bairro Rubem Berta. E nos dois momentos, naquele e neste, não hesitamos em vir. Pelo contrário, procuramos acelerar a nossa presença, porque entendemos que a segurança pública, como dever do Estado e responsabilidade de todos, não envolve só o estado do Rio Grande do Sul, e também porque nós devemos prestar contas, estabelecer um diálogo com a sociedade – fazemos isso com as associações e representações de bairros, nas vilas, com a população como um todo e, também, aqui nesta Casa, que representam o povo de Porto Alegre.

O problema da segurança pública é complexo. E eu não me canso de dizer – e fiz isso desde primeiro momento em que me envolvi com a questão da segurança pública, ainda na campanha do então candidato Antonio Britto -,  que nós teríamos que parar e pensar um pouco. Se olhássemos para trás, os últimos governos poucas diferenças se verificavam, de um para outro governo, na definição e na execução da política de segurança pública.

As políticas se repetiam; investia-se um pouco mais, priorizava-se mais, mas estruturalmente as coisas continuavam inertes. De governo a governo, os problemas se agravam  e tudo ficava crônico. Era preciso parar e entender que havia chegado o momento de mexer nas estruturas, na causas que faziam com que os problemas não fossem enfrentados de forma adequada e que, portanto, não encontravam a melhor solução.

O setor da segurança pública, dentre todos os setores públicos é, sem dúvida, o mais conservador. Que eu me lembre, a última grande estrutura nesse setor se deu por ato de força, quando na Revolução de 64 o policiamento ostensivo passou para as polícias militares. Nunca houve uma discussão, nunca houve alterações consensuais. Chegou o momento disso vir a acontecer porque nós temos uma estrutura que apresenta uma equação de números, praticamente, insolúvel. Nós deixamos passar um ano de governo e procuramos nos debruçar sobre o orçamento a executar, não sobre aquilo que havíamos projetado, não sobre um número aleatório que poderia ficar condicionado ao evento “a”, às condições “b”, mas àquilo que efetivamente foi realizado.

Encontramos em 95 gasto com segurança pública – esse gasto se refere desde o momento da criação desta secretaria, foi no mês de fevereiro – na ordem de 350 milhões de reais. Isso representou em torno de 8% das despesas do Estado. É um índice acima da média histórica de gastos com segurança pública. Só se gastou mais em 90, no final do governo do Simon/Guazelli. Depois houve um decréscimo significativo de investimentos nessa área, de gastos nessa área. Pois bem, nós gastamos 8,3% do orçamento com segurança pública. Agora, o que é mais grave: dos 350 milhões, 310 milhões foram consumidos  para pagar ativos e inativos. Sobraram 33 milhões para custeio, o que fica muito aquém do necessário e, praticamente, não sobrou nada para investimento, em torno de seis milhões. Se fosse só isso, era grave. Mas, ainda, algumas coisas se abriam: olha chegamos a um ponto, a estrutura salarial está correta, é tentar resolver o resto. Mas, não. Ainda que gastássemos 310 milhões de reais para o pagamento de ativos e inativos, a grande maioria dos policiais militares e civis ganham, eu afirmo isso na condição de Secretário da Justiça, aquém do que deveriam ganhar. Essa é a realidade; essa é a equação. Se não se mudar a estrutura, nós não sairemos disso. Vamos ver reuniões como esta se proliferarem nos últimos anos. O discurso da carência de recursos, da falta de meios, agravar-se cada vez mais. É preciso começar a mudar. Nós estamos fazendo isso; nós nos propusemos a fazer isso. Talvez nunca se tenha mudado tanto, ainda na parte de cultura e de comportamento na área da segurança pública como no ano de 95. A primeira coisa que é preciso ser feita – e há um grande investimento nisso – é a integração, é a otimização desses recursos em cima da integração, não mais a integração formal do aperto de mão, não mais a figura retórica, não mais a integração numa festa de fim-de-ano ou num churrasco promovido por “a” ou por “b”, e sim uma integração efetiva, uma integração operacional. Integração essa que, neste ano, será também física em alguns pontos. Pela primeira vez no Estado do Rio Grande do Sul, Polícia e Brigada não mais vão investir isoladamente em comunicações. Até aqui, cada uma investia de um lado em equipamentos, em sistemas absolutamente incompatíveis entre si, a tal ponto que há, até hoje, dificuldade de comunicação entre os dois sistemas. A partir de agora, há uma equipe de trabalho chefiada por quem detém o conhecimento e da tecnologia da comunicação, que é o pessoal da CRT, que vai estabelecer, em 120 dias – e o trabalho já vai para a sua segunda metade; devemos, dentro de 60 dias, tê-lo concluído -, um plano diretor para as comunicações e a transmissão de dados na área de segurança pública. Qualquer investimento nessa área passará a ser feito de acordo com esse plano, e ele prevê a interação, a integração e a compatibilidade dos sistemas. Um exemplo prático: hoje, nós temos, em Porto Alegre, o Centro de Operações da Brigada Militar obsoleto; temos o Centro de Operações da Polícia Civil, também obsoleto. No sistema anterior, criam-se dois centros novos, dão-se equipamentos novos para a Polícia Civil e para a Brigada Militar. Agora, não mais; nós teremos, pela primeira vez, esse plano em Porto Alegre – e isso poderá e deverá se repetir nos grandes centros - : um único centro de operações, onde estarão, lado a lado, Polícia e Brigada, mantidos os seus comandos mantida a sua autonomia, mas vão estar operando num mesmo centro de operações. Agora, nesse plano de colocação de Policiamento nas vilas, a primeira vila que terá o novo modelo será a Morro da Cruz, lá teremos no mesmo prédio, numa mesma base física, uma Delegacia de Polícia e uma unidade, um pelotão da Brigadas Militar.

Também aí começará a haver integração física, efetiva da Brigada e Polícia, como forma de otimização na utilização de recursos. Também a nível estrutural, todas aquelas atividades que não são atividades de Polícia, que não são atividades Policiais numa ou outra instituição deixarão de ser exercidas por ela, é o caso do DETRAN, Polícia Civil, cujos projetos de lei criam uma autarquia, serão encaminhados para a Assembléia Legislativa ainda esta semana. E as atividades, a execução delas que poderem ser terceirizadas serão terceirizadas. O serviço público continuará público. O DETRAN continuará a ser o expedidor dos documentos. Mas as inúmeras atividades que hoje são exercidas por Policiais Civis passarão a ser exercidas por agentes privados. Só com isso liberaremos 602 Policiais que hoje se dedicam a essas funções de trânsito. E em torno de 1200 terão o seu tempo dedicado agora as atividades de Polícia. Hoje, eles dividem seu tempo entre as atividades de Polícia judiciária e as atividades administrativas de trânsito.

Da mesma forma e tão logo a legislação o permita a legislação do trânsito que hoje pertence à Brigada Militar, também aí temos um a atividade meramente administrativa que cabe aos Municípios assumir. Cada vez que tivermos um policial militar preenchendo um auto de infração ou acompanhando o deslocamento de um carro guinchado teremos menos um policial na rua, prestando a função que deveria prestar de forma precípua, que é a segurança pública.

Outras mudanças que estão ocorrendo não foram iniciativas do Governo, mas serão apoiadas pelo Governo. Temos aí os Juizados Especiais que farão 60% das ocorrências que eram levadas a uma delegacia de polícia, se transformavam em inquéritos e consumiam o trabalho policial passam agora a ser remetidas diretamente aos Juizados Especiais para serem julgadas e muitas vezes resolvidas por uma mera transação, que representa em tese a discriminalização de determinadas condutas. E aí o mais grave, o Judiciário que implantou e está implantando, e para implantar os Juizados Especiais fez um levantamento para tanto nas varas criminais de Porto Alegre, e encontrou lá em todos os processos que estavam tramitando, 8 de competência dos juizados especiais. Então, uma máquina cara estava sendo mal-utilizada. Estava sendo utilizada para resolver aquilo que agora vai ser resolvido em torno de uma mesa, não gerando mais inquérito, não gerando mais processo. Todas essas mudanças vão permitir, e com o mesmo contigente de Policiais Militares, Civis, e a Brigada Militar e Polícia Civil possam fazer muito mais naquilo que é função precípua de uma e de outra. E que portanto nós não tenhamos a necessidade ver pressionada ainda mais a conta de pagamento para ativos e inativos. Há que se investir também em tecnologia e isso nós estamos fazendo. Há que se integrar com as ações de outras Polícias e isso estamos fazendo. Hoje, em Porto Alegre estão reunidos todos os delegados de repressão a entorpecentes dos quatro estados do CONESUL e também da Polícia Federal, exatamente para ajustar ações conjuntas, para ajustar a troca de informações para buscar a acelerar o processo de repressão àquele crime que está na base de todos os outros.

São posturas que nós estamos buscando exatamente para mexer na estrutura. Se isso não ocorrer, entregaremos àqueles que nos sucederem uma área com maiores dificuldades, maiores carências e pressionada pela comunidade, que cada vez mais pede e exige segurança pública. Além disso, também nas estruturas das instituições estão sendo feitas mudanças. Ouvi ontem, um pronunciamento do recém eleito Presidente da Associação de Oficiais da Brigada Militar, tecendo críticas ao Governo de que estaria desmantelando a Brigada Militar. Devo registrar e já fiz em outra oportunidade, agora aqui nesta Casa, de que são críticas absolutamente injustas e improcedentes. O Governo tem em relação a Brigada Militar, o mesmo carinho especial, pela credibilidade, pelos serviços que esta instituição presta. Agora, isso não representa que a Brigada Militar não possa se adequar a uma nova realidade. Isso não pode representar o imobilismo da Brigada Militar. A Brigada Militar, hoje, deve ter uma estrutura mais leve. Não discuto o aspecto militar; discuto, sim, a estrutura dessa característica. Ela não precisa ter a mesma estrutura que o Exército Nacional tem - até porque os objetivos de um e de outro são completamente diferentes. Tanto isso é verdade que estamos vendo dia a dia a Brigada Militar, cada vez mais, adotar postura que tornem, sem perder a natureza militar, mais próxima do cidadão, mais próxima da comunidade. Basta ver, por exemplo, a mudança do próprio fardamento. O Governo está investindo na Brigada Militar.

Discute-se muito o problema do PDV. Nós não haveremos de liberar - isso é uma posição muito clara do Governo, isso foi posto desde o primeiro momento do programa - aqueles soldados, aqueles integrantes da Brigada Militar, que estejam prestando serviços essenciais a Brigada Militar. Os que estão sendo liberados são aqueles que têm maior tempo de serviço, que já estão impedidos até mesmo de prestar o policiamento ostensivo, por questões físicas, ou então os servidores civis, que hoje já podem ser dispensados na medida em que a automação permitiu realizar as mesmas atividades com menos número de policiais. O que queremos e que estamos fazendo, e aqui está o responsável direto, Comandante do Policiamento da Capital, e todos os responsáveis pelos comandos das unidades, o que queremos é ver cada vez mais o policiamento na rua.

Entendendo que esse policiamento, que a segurança pública não é só uma atividade de Polícia e essa é também uma mudança de conceito. Eu gostaria, por exemplo, de ver numa reunião como esta, junto conosco, os representantes do Ministério Público, os representantes do Poder Judiciário, porque nós temos que buscar um entendimento com eles. Nós tivemos ontem um caso em Novo Hamburgo, onde uma quadrilha inteira de assaltantes de bancos foi presa, dois foram presos e dois eram militares inclusive, integrantes da Brigada Militar e ainda 06 deveriam ser. Foi requerida a prisão provisória ao Poder Judiciário local e foi negado. Fica muito difícil trabalhar assim. Agora, nós não vamos resolver isso criticando o Poder Judiciário. Não! Nós vamos fazer isso sentados na Mesa com o Poder Judiciário e amanhã eu terei uma reunião nesse sentido, procurando ajustar essa questão porque, na verdade, todos nós somos parceiros do mesmo processo. Se um de nós funcionar mal, o sistema funciona mal e a segurança pública não se resume mais na mera atividade Policial. De nada adianta a prisão se ali, na frente, o sistema de percepção penal não funcionar. É importante que nós tenhamos essa visão e também o envolvimento da comunidade, que é o que nós queremos com uma reunião como esta, buscando a crítica, a informação, a sugestão e demonstrando, falando o que estamos fazendo. Agora, não é uma atividade só do Estado.

Nós tivemos aqui nesta Casa, por exemplo, uma reunião presidida pelo Ver. Pedro Ruas, onde se levantava problemas no Bairro Humaitá, onde envolviam ação da Polícia Civil e Brigada Militar, mas que envolviam também problemas, dito pela comunidade, de iluminação, de mato cerrado e de urbanização. Naquele momento foi agendado pelo Vereador uma reunião no dia seguinte no local onde envolveria a Brigada, Polícia, SMAM e SMOV. Nós fomos lá, o Coronel Bonet estava lá, não estava ninguém da SMAM e da SMOV. Eu  digo isso, não para criticar a Administração Municipal até porque, naquela oportunidade, coloquei, nesse ponto, tudo está acima dos partidos. O problema na nossa área de atuação, e nós estamos fazendo programas em perfeita consonância com a Prefeitura Municipal. O programa que estamos lançando, de policiamento na vila, está feito em conjunto com a Prefeitura Municipal porque o programa é um serviço que vai beneficiar a comunidade e que exige não só do Governo do Estado, mas exige também uma atuação do Governo Municipal. Então, é preciso que tenha essa interação e nós, do Governo do Estado, nos dispomos sempre a estar presentes para solucionar os problemas e existem muitos problemas que não dependem de nós. Naquela oportunidade, dizia que eu andei tanto na Zona Sul como na Zona Norte junto com o pessoal da Brigada em todas as vilas e senti os problemas que elas têm. Então, nós não podemos pensar que só a repressão, só a contenção vai resolver a questão da segurança pública, algo mais precisa ser feito e nós estamos aqui exatamente para responder pela nossa parte, para não nos omitirmos, para colocar com muita clareza o que estamos fazendo, para ouvirmos e sabemos saber ouvir todos que aqui estão, as críticas que nos são feitas, porque nós queremos acertar cada vez mais. Muito obrigado. (Palmas.) 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos adotar a sistemática com V. Exas. de uma interação com os demais convidados para que as questões possam ser resolvidas. As questões que, eventualmente, alguém da Mesa queira responder, quando formuladas pelo Vereador, tão logo terminada a sua manifestação, qualquer um dos senhores pode solicitar tempo para responder. Vamos conceder três minutos, porque não vamos computar no tempo de Liderança e V. Exas. poderão usar o tempo durante a Sessão Legislativa da tarde. Estamos estabelecendo uma relação de protocolo entre os Senhores Vereadores para que todos possam fazer uso da palavra, até porque os nossos convidados também têm problema de tempo. Se alguém não conseguir falar em três minutos, vamos ser um pouco liberais.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Solicito tempo de Liderança.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, regimentalmente, assiste a V. Exa. o uso de tempo de Liderança. Nesse momento, temos a característica de uma Sessão Especial, com convidados; do critério que vamos adotar será tirado o tempo de Liderança, para que cada vereador disponha de 3 minutos para se manifestar sobre a questão em tela.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Mas eu vou precisar de mais de 3 minutos. Gostaria de solicitar tempo de Liderança para que a minha exposição sobre o assunto não fique pela metade.

 

O SR. PRESIDENTE: Mas quando há um convidado para trabalhar em cima de um determinado tempo, a Mesa abre um máximo de 10 inscrições para serem feitas num máximo de 10 minutos, para que todos possam se manifestar por ocasião de tão importante encontro. Seriam 5 minutos para cada vereador, sendo 9 vereadores, conforme o Regimento; passamos para 10 vereadores, 3 minutos cada um, não estabelecendo tempo. Se não houver unanimidade, vamos estabelecer nove inscrições e vamos trabalhar com cinco minutos. Assim poderíamos superar as nove inscrições previstas regimentalmente.

O Ver. José Valdir está com a palavra, por três minutos.

 

O SR. JOSÉ  VALDIR: Entendo que a segurança pública é uma daquelas áreas da política pública que atua sobre as conseqüências do problema. Numa crise como a que vivemos, obviamente, cada vez mais aumenta a demanda por segurança.

Sr. Secretário, eu, que nunca tinha sido assaltado em Porto Alegre, de 29 de setembro do ano passado até hoje, sofri três assaltos: um na Free Way; no outro a minha esposa foi assaltada dentro do ônibus T-1; e no último, na Vila Nova Gleba, o meu filho assaltado. Um dos assaltantes do meu filho foi preso em flagrante, e ele é maior de idade. Ele foi conduzido até a 22a Delegacia que não quis registrar a denúncia e que me encaminhou para a área judiciária onde foi feito o registro. Nesse mesmo dia, enquanto fazia o registro, os meus filhos menores receberam ameaças da família do assaltante e da gangue que estava junto. A minha esposa foi novamente tentar fazer o registro e eles não quiseram fazer naquele dia; fui lá obviamente, e, foi depois de algumas insistências, consegui registrar a ocorrência.

Eu tinha uma simbologia da Polícia como sendo uma máquina de escrever emperrada, com uma pessoa mal humorada atrás. Era a imagem negativa que tinha, especialmente, de Polícia Civil que mostra bem as condições de trabalho dos profissionais e, principalmente, as suas condições salariais. Confesso, Sr. Secretário, que quando voltei à Polícia, principalmente nesse último episódio, a imagem que eu tinha não melhorou. O que constatei na 22ª Delegacia de Polícia, embora não tenha sido tratado de forma deselegante, até fui bem tratado, é que do ponto de vista dos objetivos que eu esperava dela, fui completamente frustrado. O que eu senti naquele local, foi uma impotência, não só minha, diante do problema, mas uma impotência, da própria Polícia frente ao problema, confessadamente assumida por ela, que estavam impotentes diante de problemas como o meu, sem poder me dar segurança, no momento em que meu filho estava sendo ameaçado por essa gangue que temos o endereço das pessoas que dela fazem parte, local sabido, que está ainda com o objeto do roubo, que foram na minha casa para devolver – e eu, obviamente, não quis receber – em vista de ameaças. A Polícia sabe de tudo isso e confessou que não pode fazer nada, porque depende de uma ordem judicial.

Senti, também, um desânimo muito grande, não diria má vontade, mas desmotivação e quase que uma aceitação dessa situação toda de impotência como sendo uma acomodação de que não há mais nada para fazer. Todas as vezes em que estive lá, ouvi expressões do tipo: “para irmos atrás dessa gangue, que está ali do outro lado da divisa de Alvorada, nós temos que ter ordem judicial que não é dada pelo juiz, porque o objeto roubado é de pequena monta”. Não houve conseqüências maiores, porque apenas o meu filho foi ferido, e o objeto roubado é de pequeno valor, e também porque o fato da ameaça de morte não se consumou. Saí de lá preocupado, com a mesma imagem que eu tinha da Polícia e talvez até mais agravada e com uma sensação de impotência, de que o Estado é incapaz de me garantir a segurança. Eu, que sou Vereador, tenho alguma autoridade, tenho alguma expressão pública, tenho esta sensação. Eu fico imaginando um cidadão comum. Estou relatando esta questão não porque seja em defesa própria, mas porque acredito que é um exemplo que está acontecendo e pela sensação que todos os cidadãos, principalmente das vilas, sentem quando têm que se dirigir à polícia, fazer um registro, porque sabem que não vai resultar numa conseqüência mais positiva.

Eu queria formular algumas questões, qual é a orientação, especialmente para a polícia civil, em relação a uma situação como esta? Há um flagrante, o sujeito é preso, há um nome e endereço, há uma gangue que atinge não só a mim, que continua, lá, transitando pela Vila Nova Gleba. Qual é a orientação da polícia? Sei de todos os problemas que tem a polícia, das limitações materiais, etc. .A 2a questão é se há um plano de ampliação do pessoal para a polícia e agregada a esta questão, a questão do PDV. Eu quero saber se o PDV está atingindo as duas polícias, e se está atingindo, como é que se pretende aumentar o efetivo, que é uma das questões, eu, pelo menos, como morador de vila sinto, de grande preocupação. 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós examinamos o Regimento e há um Parecer elucidativo em relação ao art.. 138 do Regimento, quanto a essas sessões especiais, onde assuntos específicos estão sendo tratados: 10, o tempo é de 5 min e não podemos alterar; 20, o máximo de 10 inscrições e, 30 lugar, não cabe cedência. Parecer prolatado pela Comissão de Justiça da Casa, conseqüentemente, seremos obrigados a observar este rito, tendo em vista uma definição da própria Comissão de Constituição e Justiça. Informamos a V. Exa. que temos 11 inscrições.

 

O SR. EDI MORELLI: Conforme colocação de V. Exa., baseada no Regimento, o Ver. José Valdir falou com sobra de cinco minutos. Retiro a minha inscrição em benefício de outro.

 

O SR. PRESIDENTE: Agora estamos com dez.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Tenho respeito ao trabalho profissional do Secretário Eichenberg, do Cel. Bonetti e dos policiais aqui presentes. Sugiro a V. Exa. que o Secretário Eichenberg faça a sua manifestação após três manifestações de Vereadores, porque simplificaria a sua resposta e daria mais dinamismo. A cada interrupção de um Vereador, aumenta mais o tempo.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa apresenta a sugestão ao Secretário e fica ao seu critério.

(O Secretário aceita a sugestão.)

 

Com a palavra o Ver. Luiz Negrinho.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Senhor Presidente e Srs. Vereadores. (Cumprimenta os componentes da Mesa.) Quero dizer que sou um dos responsáveis por essa vinda do Secretário no dia de hoje, porque houve um apelo extremo feito por este Vereador aqui da tribuna em função dos acontecimentos do Bairro Cristal e Grande Cruzeiro. Na quinta-feira, esteve aqui o Secretário na reunião da CUTHAB. Sexta-feira, 18h30min, assalto na Av. Jacuí, 1430. Segunda-feira, 14h, faço um pronunciamento elogiando a Brigada Militar, Polícia Civil e a Secretaria de Segurança em projeto existente para a Grande Cruzeiro e Bairro Cristal. Segunda-feira, 19h30min, assalto na Av. Jacuí, 1430. Os moradores não suportam mais a violência na nossa região. Vou citar meia dúzia que já se mudaram. Pessoalmente já retirei a minha esposa e os dois filhos do bairro, retirei o meu pai e sua família para o interior do Estado – todos moravam na Rua Jaguari -, meu irmão José Caio, que trabalha comigo, mudou-se há seis meses, minha irmã e seu marido estão procurando uma casa. Dona Fátima Brito Gomes, da Rua Jaguari, n0 194, mudou-se há seis meses; o Reni, da Rua Jaguari, n0 182, mudou-se há oito meses e assim está o nosso bairro. Cartas como esta que recebo e que tenho citado desta tribuna, são de ameaça e não é nenhum teatro que estou fazendo. Está aqui, registrada pelo Correio, recebida  e assinada pela boca da Grande Cruzeiro. Eles é que mandam e nós devemos obedecer. Não é bem assim. Comigo nunca foi bem assim. Tiram-me até o meu par de meia, mas conversando. Na força ninguém vai levar nada de mim e não adianta me ameaçar. Só vão me tirar lá dentro quando eu puder caminhar. Na segunda-feira, às 18h30min, assalto na Jacuí, n0 1430. Chamei o 190. Eu estava chegando em Casa e vi quatro elementos vindo em minha direção com uma pistola na mão, correndo e atirando para trás e o homem do armazém atirando na direção deles. Está registrado pela viatura n0 2008. Entrei no meu carro e me abaixei, porque eu não sabia o que fazer. Eu tinha que me proteger. Calculei, pelo volume de pessoas em frente da minha casa, que teria acontecido alguma coisa com a família, mas não, foi o mercadinho ao lado que tinha sido assaltado naquele momento, o assaltante tinha dado uma coronhada no rosto do rapaz e o irmão dele estava reagindo e atirando contra os assaltantes. Assim está o bairro Cristal! Naquele momento chegava a viatura que solicitei através do 190. O 190 me disse que não tinha viatura para atender o local e que eu deveria ligar para o PA 14. Eu liguei e mandaram uma viatura que era da Vila Nova. Fui atendido por dois PMs, um muito mal-educado. Naquele momento eu dizia que sabia onde estavam os bandidos – eu sabia, naquele momento, onde eles estavam. Eles estavam encurralados; não tinham como fugir. Ele simplesmente queria saber quantos eram, o que tinham roubado e se havia algum morto. As vítimas do assalto, que estavam com o rosto arrebentado, esperavam pelo menos uma reação tranqüilizadora de quem estava ali para prestar segurança e tranqüilizar os moradores. Retirei-me dali, fui para minha casa e comecei a telefonar. Falei com o Cabo Lemos e com o Sargento Sérgio Luiz. No dia de ontem, fui ouvido por um Tenente.

Mas já disse aqui: todos sabem onde eles estão, todos sabem o que estão fazendo, como estão fazendo e com quem estão fazendo. Não adianta, Senhores, colocar integrantes da Brigada Militar e da Polícia Civil a andar nos carros oficiais, pois as pessoas os identificam. Não sou eu que vou ensinar, mas, se querem pegá-los, existem muitas maneiras; vamos encontrar uma. Eles estão desfilando. Quando saio pela manhã, eles estão na esquina; quando chego à noite, eles estão assaltando. Já encaminhei um Pedido de Providências informando o nome da Rua – até correndo riscos - , o local onde se encontram, os pontos onde se escondem, mas nada foi feito.

Espero que eu tenha sido a última vítima desses assaltantes que estão matando; e estão matando por muito pouco. Roubaram três pacotes de cigarros e dez ou quinze reais. O resultado foi uma pessoa com o rosto quebrado, eu chegando em casa e arriscando-me a levar um tiro de uma pistola, que eles disparavam para todos os lados. Eram 19 horas de uma tarde em que as crianças ainda brincavam na rua. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Edi Morelli): O Ver. Raul Carrion está com a palavra.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Em primeiro lugar, gostaríamos de parabenizar o Sr. Secretário por sua presença nesta Sessão, respondendo imediatamente a uma solicitação desta Casa.

Eu gostaria de abordar essa questão da segurança, neste breve tempo de que dispomos, no aspecto do enfrentamento das questões sociais desta Cidade, especialmente no que se refere aos despejos, que hoje, multiplicam-se em Porto Alegre.

Entendo que não podem ser tratados como um problema meramente policial, são, essencialmente, problemas sociais. Nesse sentido, eu queira trazer o exemplo positivo da atuação da Segurança Pública do Estado no enfrentamento da questão do Parque dos Maias. Nós temos uma Comissão Externa que vem acompanhando o problema, que se entende desde novembro. Se não tivesse havido sensibilidade social frente a esta questão, quem sabe desde novembro a Brigada Militar, as forças policiais deste Estado, teriam ocasionado um grande confronto com a população do Parque dos Maias. Porque desde então o Judiciário, os proprietários, os banqueiros que financiaram os proprietários, queriam utilizar a força pública no seu interesse particular, não encarando a questão como um problema social. Mediante a intervenção desta Casa, a intervenção da Assembléia Legislativa, a intervenção da Prefeitura, a intervenção do Secretário Mendes Ribeiro – com o qual estivemos inúmeras vezes conversando – o Ver. Jocelin, Ver. Pujol, Ver. Guilherme Barbosa e muitos outros, houve essa sensibilidade. E, ontem à noite, chegou-se a uma solução – entendo que não a melhor para os moradores, porque sempre “a corda arrebenta do lado mais fraco” – mas chegou-se a um entendimento numa proposta, menos ruim que os moradores se obrigaram a aceitar. E nós evitamos esse confronto.

Ou seja, é um fato positivo a forma como foi abordado o conflito. Temos que tirar lições, pois esta é a forma correta de tratar os problemas. Talvez, até, o juiz esteja criticando que o Estado não colocou a Brigada e tal; mas o Estado fez muito bem!

E nós, assim como trazemos esse exemplo do Parque dos Maias, queremos trazer um problema que está ocorrendo hoje, no Navegantes, Vila Farrapos, mais propriamente na Vila Esperança, onde o DEMHAB desde às nove da manhã tenta fazer um despejo das famílias que lá estão, com uma grande reivindicação: que o DEMHAB vá até a área negociar a solução para o problema deles. Às nove horas fui chamado na minha residência, dirigi-me para lá, entrei em negociação com os diretores do DEMHAB. O Ver. Pedro Ruas provavelmente não está presente na Sessão de hoje, porque ficou na área, pois estava preocupado que hoje à tarde houvesse o despejo.

Entrou-se em contato com a Assembléia e, indiretamente, com o Secretário de Governo, Mendes Ribeiro; não sei se chegou ao Secretário Eichenberg, ao Comando da Brigada.

Pelo que sabemos, é claro, a Brigada não teria condições sequer de, hoje, mobilizar forças para isso. Mas, se tivesse condições, entendo que não deveria. As questões têm que ser entendidas desta forma. As forças policiais – aproveito a presença das autoridades -, a Brigada Militar, a Polícia, não devem ser usadas pelos interesses particulares em nome de uma lei insensível a uma realidade social que é superior, muitas vezes, à própria lei. O Parque dos Maias está aí para mostrar isso.

Essa é a nossa intervenção, parabenizando por essa sensibilidade que tem prevalecido nos momentos em que temos acompanhado. Queremos dar esse testemunho e chamar a atenção para esse problema do Navegantes e Vila Esperança – para o que haverá amanhã à tarde, uma reunião aqui nesta Casa, na CUTHAB, na qual o DEMHAB deverá comparecer. Também deverão estar aqui os moradores e tudo poderá ser resolvido. Lamentavelmente, o DEMHAB, no dia de hoje, tentou usar a Brigada para lançar contra o povo. A Brigada tem que, como se diz, “abrir os olhos”: não pode se deixar utilizar por interesses contrários ao povo. Tem que haver essa sensibilidade. Pretendemos usar o tempo de Liderança para relatar em detalhes esse problema que está ocorrendo na Vila Farrapos e a intransigência do DEMHAB nessa questão. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Sr. José Eichenberg.

 

O SR. JOSÉ EICHENBERG: Ver. José Valdir, em relação à orientação que nós demos é a orientação do Governo, é a orientação da Secretaria que é de atender, atender sempre e atender com presteza. Nós estamos investindo em programas de gestão. Pela primeira vez, na polícia civil, estamos fazendo programa de gestão, de qualidade total, exatamente, para que haja o atendimento ao público. Não importa o bem atingido. Se houve um assalto, se houve uma ameaça, se houve uma lesão tem que receber, a pessoa, o atendimento da polícia civil ou da Brigada Militar. Se, eventualmente, não for competência delas, terão, também, o dever de proceder ao encaminhamento para a autoridade competente, para o setor ou o órgão competente. Então, o que eu lhe peço em situações como esta, e já fiz este pedido na outra vez que estive aqui na Casa, é que, tão logo ocorram fatos como estes, sejam levados à chefia de polícia, ao comando da Brigada Militar ou à direção do BPM, ou, ainda, a própria Secretaria para que nós possamos agir. É importante que nós possamos contar com a população, ou o cidadão para o trabalho de controle de fiscalização. Os controles formais, eu tenho dito, são lentos. Eles chegam, sempre, tardiamente; nós queremos saber do fato, imediatamente, para poder agir.

 

O SR. JOSÉ  VALDIR: Só que o atendimento da Brigada Militar foi exemplar.

 

O SR. JOSÉ EICHENBERG: Tudo bem, eu estou colocando aqui, delegacia. Estes problemas têm que ser levados, pois eles têm o dever de fazê-lo. Não há justificativa de falta de meios, de recursos. Não. Quando eu falava do Judiciário, se está havendo algum problema de entendimento com o Poder Judiciário para a liberação do mandado de busca, isso também é dos delegados e eles têm que levar às suas chefias para que nós possamos fazer contato com o Judiciário e ajustar a questão. Em relação ao plano de ampliação: eu devo lhe dizer que o atual Governo nomeou entre janeiro de 1995 e janeiro de 96, 1400 novos policiais civis. Quer dizer, pela primeira vez, em 1995, o quadro funcional da polícia civil teve um crescimento real, ou seja, descontados todos aqueles que saíram no período e agregados os que foram nomeados no mesmo período, nós tivemos um crescimento real. Ainda é pouco? Pode ser. Mas nós temos algumas mudanças estruturais que devem ser feitas para que possamos avaliar quais os claros que ainda ficam. O DETRAN é um caso que vai liberar policiais para atividade de polícia e, especialmente, os juizados especiais vão liberar certamente o trabalho da polícia para aqueles crimes de maior potencial agressivo. Em relação ao PDV, a posição do governo é muito clara, ao menos o setor da Justiça e Segurança. Um programa dessa natureza não pode vir contra o serviço essencial. Então, se houver liberações – e vão haver – essas liberações são justificadas. Ou porque o funcionário já não apresenta um desempenho satisfatório, no parecer da sua chefia, ou porque ele é absolutamente desnecessário na função que exerce.

Na Brigada Militar, onde os pedidos foram em número maior – na Polícia Civil e na SUSEPE foram reduzidos -, só liberaremos os servidores civis e aqueles policiais que já não possam prestar o serviço de policiamento ostensivo pelas suas condições físicas, ou então policiais que tenham algum problema e que recebam um parecer da chefia no sentido de que a dispensa vem ao encontro do interesse da corporação.

 Em relação à posição do Ver. Carrion, a posição do governo nos casos dos movimentos sociais é muito clara e tem sido colocada com clareza pelo Governador Antonio Britto. Nós consideramos questões sociais; nós temos é um limite, sempre, que é o limite da ordem pública. E se a prevalência é do social, obviamente o social prevalece sobre o policial, e o decisor político prevalece sobre o decisor operacional. No caso do Parque dos Maias, que aqui foi abordado, é uma situação consolidada há tantos anos, e de uma hora para outra tentar promover um despejo lá, seria uma verdadeira loucura, até porque não haveria despejo sem confronto, com riscos muito grandes. E o que aconteceu é que se chegou ao entendimento.

Nós precisamos entender; eu quero deixar claro – e faço isso aqui até pela própria função que exerço -, que nas questões de invasões de terras, nós recebemos, por parte de integrantes do Partido dos Trabalhadores e de outros partidos, a pressão para não atuarmos. Como nós vemos questões como o problema da Vila Esperança, recebemos desses partidos a pressão para atuar. Hoje nós recebemos a pressão para atuar em relação à Vila Esperança, através do Comando de Policiamento da Capital. Obviamente, o pedido da Justiça deverá tramitar pelos canais competentes. Eu quero colocar esta questão de forma clara, porque nós não queremos o confronto, o conflito, a violência. Nós queremos que a ordem pública seja preservada.

Em relação às posições do Ver. Luiz Negrinho, eu pediria ao Comandante do 10 BPM e o Delegado Bonnett que as respondessem. Se qualquer outro integrante da Mesa quiser fazer alguma  consideração sobre as outras questões poderá fazê-lo.    

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Delegado Bonnett.

 

O SR. NELMO BONNETT: Do acompanhamento feito em relação à criminalidade, em especial crimes contra o patrimônio na Cidade de Porto Alegre, verificou-se que em 95 foram registradas quarenta e sete mil ocorrências nas delegacias. No primeiro trimestre deste ano houve o registro de onze mil e quinhentas ocorrências. Em razão do crescimento deste tipo de delito e de outros e da tendência criminal, principalmente na periferia de Porto Alegre, por orientação do Secretário de Segurança, foi feito um estudo e implantadas delegacias, como me referi na última reunião.

No Centro foi instalado o 170 Distrito Policial; na Zona Sul o 200, na Zona Norte 20 e o 180; ainda em estudo, possivelmente, para instalação este ano no Morro da Cruz, mais uma delegacia e ativação da 19 a Delegacia próximo à Antonio de Carvalho.

Além da parte estrutural, sendo a polícia judiciária, tendo que se voltar para inquéritos policiais, foi feito um remanejamento e uma mudança de orientação no sentido de um fortalecimento dos critérios das delegacias. A divisão da Polícia Distrital de Porto Alegre, nos últimos dois meses, encaminhou à Justiça seis mil inquéritos policiais e uma média de 3 mil termos circunstanciais de fatos atuais que estão sendo remetidos. Foi estruturado, também, junto ao Departamento de Polícia Metropolitana, mais 40 funcionários apoiando esses escrivães. Estão remetendo cinco mil termos circunscritos, tendo em vista o cumprimento da Lei 9099. Isso à título de informação.

Quanto ao atendimento da 22a Delegacia, ao Ver. José Valdir, ela foge às diretrizes da Polícia Civil, e isso será apurado.

O procedimento da Polícia baseia-se no Código Penal, art. 60 e não se pode fugir disso. O Delegado e os funcionários que não atendem ao dispositivo legal estão mal-orientados.

Quanto à ampliação do quadro de funcionários também foi dito, na última reunião, que, de outubro de 1995 para cá, 6200 funcionários foram destinados às delegacias distritais. Somente para a Zona Norte, 70, e para a 20a Delegacia, 35. O Ver. Luiz Negrinho fala da situação no Bairro Cristal. Na circunscrição da 20a Delegacia, temos  registro de 500 ocorrências, no trimestre, de crimes contra o patrimônio e a projeção de 2 mil ocorrências naquela área neste ano. Fui informado na última reunião que o Departamento de Polícia Metropolitana acionou o DENAR no que se refere ao que foi dito sobre drogas. Na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, quanto aos menores envolvidos nos roubos a ônibus, também a 20a. Delegacia e a Delegacia de Roubos da DI que estão em ação na área do Cristal voltados para o que foi denunciado. Quanto à Grande Cruzeiro, que tem 1/5 da população de Porto Alegre, foi instalada a 20a. Delegacia, que atende a parte da Vila Cruzeiro, da Rua Orfanotrófio em direção ao Rio da Beira Rio até o Cristal. Está em estudo a implantação de uma nova delegacia na Vila Cruzeiro para atender a esta demanda de serviço que lá constatamos.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR PRESIDENTE: Com a palavra o Sr. Elvio Pires.

 

O SR. ELVIO JOSÉ PIRES: Comandante do 10 Batalhão, responsável pelo policiamento da Zona Sul de Porto Alegre. Quanto à participação da Brigada Militar no complexo da Grande Cruzeiro, tivemos em 96, até a presente, data um registro de 1253 chamados divididos em 10 especificações, como desordem, roubo, furto, ocorrência com tóxicos, assistência à população, assistência no que diz respeito à condição de pessoas à hospitais, atendimentos em geral ao público, acidentes de veículos com danos pessoais e lesões corporais.

Especificamente, Ver. Luiz Negrinho, quanto às atividades da Brigada Militar no complexo da Vila Cruzeiro nós temos um posto avançado junto à Av. Tronco, com efetivo permanentemente instalado nas 24 horas, provido de rádio e telefone e os nossos registros na atividade de polícia ostensiva. Nós estamos em condições de atender aquela população a todo momento. Nós lamentamos que muitas ocorrências – até citado pelo Vereador – infelizmente, não são trazidas pela população ao conhecimento da Brigada Militar, o que não nos permite, muitas vezes, intensificar o nosso planejamento no sentido de melhor atendermos a população. Muitos desses registros que o Vereador fez, infelizmente, não chegam ao conhecimento da Polícia Militar e da Polícia Civil. Nós temos, no que diz respeito a tráfico de entorpecentes, ocorrências envolvendo menores com tóxicos, há até um registro de 22 chamadas no período de janeiro a maio de 1996. E o que a Brigada Militar mais atendeu de chamadas nesse complexo da Vila Cruzeiro foi por motivo de desordens, que atingiram o número de trezentos e dezenove chamadas, num percentual de 22, 43% de todas as ocorrências atendidas naquele complexo. Seria isso.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Apenas para completar o que o Comandante disse, realmente ele tem toda a razão, quando o comerciante é assaltado ele não faz questão de registro, e eu até explico por quê. Neste caso específico da Av. Jacuí, onde na sexta-feira houve um assalto, no n0 1430, eu não estava presente, mas na segunda-feira eu estava presente quando chegou a viatura 2008 e eu fiz questão de levá-lo na 20a. Delegacia para fazer a ocorrência. As pessoas não fazem a ocorrência porque têm receio. Inclusive o pessoal da Brigada. Quando o soldado chegou ali tentando identificá-lo, um passava para o outro. Então, nisto o Senhor tem toda a razão: a população tem receio de registrar ocorrência.

 

O SR. ELVIO JOSÉ PIRES: Um dado que é importante ser colocado aqui dentro de uma visão mais geral, é que temos que ter presente que não temos mais, em Porto Alegre, o grande delito. Hoje, o número de seqüestros é zero; o assalto a bancos está controlado; os arrombamentos de casa, que se caracterizavam como crime de latrocínio, não há mais; a manutenção de refém também ocorre muito pouco. O que temos é o crescimento do pequeno delito, é o que foi dito aqui pelo Ver. José Valdir, é o pequeno furto, é o assalto ao armazém da esquina. Agora, isso faz parte de todo um contexto social que estamos vivendo e que tem que ser entendido. Eu já disse que entre Porto Alegre e a Grande Porto Alegre – e não precisamos ter o conceito da Grande Porto Alegre como a Região Metropolitana, em torno de dez cidades de Porto Alegre – nós temos aqui 1/3 da população do Estado vivendo. Quando se anda dentro de uma Vila Cruzeiro, dentro do Morro da Cruz, dentro da Maria Degolada, dentro de qualquer vila da Zona Norte, nós vemos as condições daquela situação. Por exemplo, aquela briga de menores, que era feita, há cinco anos, com bodoque, hoje é feita com revolver. É só chamar a Irmã Neli que ela vai confirmar. Nós temos que enfrentar isso e vamos, tanto que estamos levando policiamento para a vila.

Agora, a solução do problema não está conosco. Se alguém achar que a solução desse problema está com a Segurança Pública, está redondamente enganado. Nós vamos fazer o que devemos fazer. Temos que olhar para ver por que está aumentando o número de menores, especialmente sem antecedentes, sendo presos pela polícia. Um município que não consegue resolver o problema de 800 meninos de rua ?! Nós vamos fazer a nossa parte. Eu só não quero  é deixar passar, ou deixar sem contestação esse aspecto. O grande delito não temos mais. Nós temos alguns delitos que precisamos coibir como, por exemplo, o furto de veículos, mas isso não é um problema nosso, é um problema de qualquer município do nosso Estado e de qualquer estado do Brasil.

Seguindo uma pesquisa feita pela EMBRATUR junto aos turistas, quem teve o melhor desempenho na área de segurança foi o Rio Grande do Sul. Porque nós não temos mais o grande delito, já está controlado, com todas as dificuldades. Agora, o pequeno delito, o pequeno furto, especialmente nas vilas, isso aumentou. Vários casos que foram relatados são casos de vila e esses sim, estão acontecendo amiúde. O problema da Zona Sul, era a Vila Cai-Cai, e passamos quatro horas e meia discutindo sobre ela; da Zona Norte, o Bairro Humaitá e a Vila Tripa. Junto conosco outras áreas têm que atuar. Nós vamos fazer a repressão, e ela está ocorrendo, mas a solução do problema não está conosco.

 

(Não revisto pelo orador.)

  

O SR. PEDRO RUAS (Requerimento): Sr. Presidente, nós estivemos hoje, toda a manhã, até cerca de uma hora atrás, na Vila Esperança, onde havia uma ordem de despejo, e eu sei que isso já foi relato pelo Colega Raul Carrion. O primeiro requerimento que faço é que seja liberado do ponto de hoje o Coronel Luiz Gomes, funcionário desta Casa, que está lá, neste momento, a pedido da CUTHAB, a meu pedido, para evitar que haja qualquer tipo de violência na ação promovida pelo DEMHAB. O segundo requerimento que faço é o registro, nos Anais desta Casa, de um  elogio dirigido principalmente ao Coronel Bonetti, Comandante do CPC e ao Delegado Bonet, Chefe do DPM, ambos dirigidos à pessoa do Secretário José Eichenberg que, com muita presteza, auxiliaram a CUTHAB a tratar de um problema seríssimo de segurança que lá havia, e ainda há, mas já é de conhecimento das autoridades competentes. Por ordem do Secretário Eichenberg, estiveram juntos o Coronel Bonetti e o Delegado Bonet no loteamento Wenceslau Fontoura e Timbaúva, além da Vila Sá. Ficou de comparecer, no mesmo dia, a Prefeitura Municipal, através da Divisão de Iluminação Pública, principalmente, através da engenheira Vera, e não compareceu.

O problema de hoje da Vila Esperança é muito sério e, por isso, registro a dispensa desse servidor e o elogio à atuação do Ver. Raul Carrion e a todos os Vereadores da Casa que nesse sentido atuaram e, principalmente, e mais uma vez, à boa vontade, por parte da Brigada Militar, no sentido de evitar qualquer confronto que trouxesse vítimas.

Este registro eu quero fazer em caráter oficial, na presença das pessoas que estão aqui, e um elogio especialmente em nome da Casa. Muito obrigado.

  

O SR. PRESIDENTE: A Presidência registra as manifestações formuladas por V. Exa., nos Anais da Casa, e informa, com relação ao ponto do funcionário nominado por V. Exa., que não há necessidade, de dispensa porque está em serviço de natureza externa por solicitação da Presidência da Comissão.

Convidamos para integrar a Mesa o Delegado de Polícia Distrital, Delegado Trein, que também poderá colaborar com esclarecimentos que se fizerem necessários, tendo em vista a natureza da matéria que está sendo tratada.

Num segundo bloco de intervenções, damos a palavra ao Ver. Jocelin Azambuja. 

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Em primeiro lugar, o nosso reconhecimento ao trabalho que vem sendo desenvolvido pela Secretaria de Segurança, em especial, aos órgãos ligados à Capital, tanto da Polícia Civil como da Brigada Militar, nos diversos comandos e sob a coordenação do Cel. Bonetti.

Desde 1993 nós trabalhamos num projeto que é a implantação de um batalhão HIPO, no Parque da Harmonia. Toda vez que esse projeto avança, há resistências. Primeiro, houve uma resistência porque o pessoal não gosta muito de sair de dentro do quartel. Sei que houve uma mudança de mentalidade da Brigada Militar, no sentido de que os policiais saíssem para rua. Isso é muito bom. Então, já havia um sentimento dentro da Brigada de que teriam de ter um outro espaço para o policiamento montado.

Na época, falamos com o Comandante Maciel, juntamente com o Poder Estadual, o Poder Municipal, representado pelo Prefeito e pela Secretaria de Meio Ambiente. Conseguimos a liberação da Secretaria de Meio Ambiente, que é uma coisa difícil para a localização do Pelotão HIPO aqui no Harmonia. Conseguimos que o Prefeito da Capital fosse ao Comandante da Brigada para pedir localização do Pelotão no Harmonia. Desde lá, quando tudo se alinhou, mudou o comando da Brigada, voltando tudo à estaca zero. Conversei, há um mês com o Governador Antonio Britto, quando ele me disse que deveriam decidir pela nova localização.

O Coronel Jobim, que assumiu o comando do 40 Regimento, também demonstrou toda a boa vontade. Era o Comandante Balém que estava no comando. Depois, ele concordou, dizendo que era uma grande iniciativa, tendo uma posição extremamente positiva, revisando a sua posição. Até hoje a Brigada não conseguiu fazer o termo com a Prefeitura de Porto Alegre de utilização da área. A iniciativa privada está interessada; pedi ao Governador que também apoiasse. Ao Governador pedi cópia da documentação, o que fiz há, mais ou menos, mês.

Estou até hoje aguardando que o Governo Estadual e a Brigada Militar tomem a iniciativa. Hoje se gasta uma hora e meia para vir de cavalo lá da Av. Aparício Borges até o Centro e mais uma hora e meia para voltar. É claro que eles não vêm fazendo patrulhamento; eles vêm passeando, a Prefeitura doou um caminhão, o que não é suficiente para resolver esse problema. Então, está tudo pronto, só precisa ser agilizado. Espero que V. Exa. possa levar adiante esse projeto porque nunca mais, em termos de segurança pública, vai se conseguir uma área em Porto Alegre para ter esse tipo de aparelho que é considerado altamente moderno e positivo.

Outra questão que me preocupa é uma situação que está ocorrendo em Porto Alegre, a Brigada Militar e a Polícia Civil deve estudar mais sobre esse problema. O problema é o policiamento forçado, de contratação com pessoas ligadas a ativa tanto da Brigada Militar, como da Polícia Civil. As pessoas não denunciam porque têm medo.

Esses dias tive uma experiência muito interessante, saía de casa, moro atrás do Hospital Mãe de Deus, o zelador do prédio, que trabalha há 18 anos no prédio conhece todo mundo, disse que havia um sujeito rondando ali. Ao sair avistei um policial e solicitei que ele fosse ao prédio verificar sobre esse cidadão que estava rondando, esse policial disse ao zelador que o prédio deveria contratar segurança.

     A Associação do Bairro Menino Deus foi visitada, certo dia, por um grupo de cidadãos de uma empresa que tinha pessoas da Brigada Militar e da Polícia Civil, se apresentaram, com muita tranqüilidade, dizendo serem da Brigada e da Polícia, fechariam o prédio, dando segurança para todos os moradores. Ficaram todos com medo, dizendo não ter dinheiro. Isso me preocupa porque no momento em que institucionalizamos esse tipo de atendimento de segurança, vamos criar um problema sério em nossa Cidade e eu não sei como os órgãos de segurança vão controlar. Claro que tudo isso é feito com todas as viaturas, e toda a instrumentalização que se tem à disposição daqueles que pagam impostos.

Sugiro a análise desta questão pois isso me preocupa por demais, se conversarmos com qualquer pessoa em Porto Alegre todos terão informações de que isso existe, lamentavelmente, essas pessoas têm medo de fazer as denúncias. O problema existe, deve haver uma corregedoria, órgão internos de análise da conduta dos policiais, etc. Vamos analisar esse fato, porque temo que no futuro a Secretaria de Segurança possa perder o controle da segurança da Capital, porque no momento em que as pessoas têm o desplante de chegar e se apresentar para propor serviço fica muito difícil. Não sei nem se é permitido que o policial da ativa participe de uma empresa e ofereça serviço de segurança da Polícia Civil e da Brigada Militar.

Para lhe informar Secretário, deve ser nos dias 28 e 29 o Seminário sobre a questão das drogas alerta à comunidade, que o Cel. Bonetti já participou aqui conosco. Se tudo correr bem e a Casa fornecer a infra-estrutura necessária, estaremos nos reunindo através da Comissão de Educação e contamos com a sua presença. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Airto Ferronato está com a palavra.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é importante e digno de registro as presenças das autoridades da Secretaria, da Polícia Civil e da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, nesta semana e na passada em dois momentos nesta Casa. Isso dá a demonstração clara da importância como esta Casa é vista no contexto do próprio Governo do Estado. Tive a oportunidade de participar dos dois encontros, em que as referidas autoridades estiveram aqui. Claro que deveríamos fazer uma longa oposição a respeito das questões sociais tratadas pelo Ver. Carrion, e outras questões que o tempo nos impossibilita. Faço esse registro, porque sou funcionário público e parti para uma área tão divergente da área exposta e apresentada aqui pelo Ver. Jocelin Azambuja. Pelas funções que desempenhei, tive a oportunidade e o dever de andar pelo Estado do Rio Grande do Sul, durante um ou dois anos, viajando praticamente todos os dias e especialmente à noite. Quem de nós, aqueles que têm uma função que, diurturnamente, anda pelo interior, não fica satisfeito quando encontra um policial às margens, por exemplo, de uma rodovia, a segurança que isso dá, a nós e a nossas famílias. Quem de nós porto-alegrenses não gostaria de ter um elemento da Brigada Militar ou da Polícia Civil nas cercanias de suas residências, porque tenho dito aqui na Câmara, com a presença ou não de autoridades policiais, que a instituição, Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Brigada Militar, Polícia Civil são as instituições com maior crédito perante a opinião pública de Porto Alegre. Sou funcionário público e não da área da segurança pública. Sinto-me com condições de dizer isso. Claro que as dificuldades financeiras do erário não permitem, e é claro que também o avanço da tecnologia isso não é necessário.

Em 1981, fui assaltado. Tinha um carro zero quilômetro comprado naquela semana. Eu não tinha seguro, o carro me foi roubado. Até hoje não apareceu. Perdi. Confesso que levei quase cinco anos para me recuperar do baque financeiro. Isso não significa dizer que aquele acontecimento me faria dizer que o problema era da segurança pública. Não vou aqui fazer nenhuma indagação, mas quero registrar, enquanto Vereador de Porto Alegre a importância da presença dos senhores mais uma vez, em tão curto espaço de tempo aqui nesta Câmara. É claro que dificuldades há, como há em todos os setores da comunidade. O que fico vermelho de ouvir é quando se diz que o contribuinte paga a conta. Contribuintes somos todos nós, inclusive o servidor público. Nós queremos e devemos prestar um bom serviço à comunidade mas a comunidade tem o dever de denunciar aquilo que ocorre. Para aprimorar a máquina pública depende sim de recursos, capacidade, treinamento. Todos nós somos fiscais dos nossos próprios interesses. Eu não me canso de dizer isso. Na verdade, temos uma instituição segurança pública para o interesse da segurança pública, nós, o cidadão, também precisamos levar ao conhecimento das autoridades públicas aquilo que ocorre no nosso dia a dia, na nossa volta, daí porque até cumprimento os Vereadores que trouxeram as suas dificuldades porque é exatamente através destes debates que nós auxiliamos a segurança pública. Em nome da nossa Bancada, agradecemos pela presença, mais uma vez, dos Senhores, aqui nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

  

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Dilamar Machado.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Delegado Bonetti, policiais civis, me parece que na exposição inicial do Dr. Eichenberg ele colocou algo fundamental e definitivo, no meu ponto de vista. Segurança não significa Brigada Militar nem a Polícia Civil. São elementos integrantes de todo um conjunto que está a cargo de toda a coletividade. A iluminação pública é segurança, o emprego é segurança porque o índice de desemprego hoje na Região Metropolitana cresce desgraçadamente e a infidelidade das pessoas leva para a periferia. É evidente que aquele pequeno assalto a que se referia o companheiro José Valdir, pequeno do ponto de vista patrimonial porque não houve, digamos, um prejuízo muito grande, ele passa a ser naquele momento, é natural, Vereador, um assunto seu, isto é obvio. O assalto de que foi vítima o companheiro Luiz Negrinho, o Ver. Clovis Ilgenfritz. Aquele cidadão que tem o seu automóvel furtado, ele passa a entender que a Brigada Militar deve deslocar todo um batalhão para achar o seu automóvel e isso é natural nas pessoas. Não se condena o aspecto psicológico de quem é vítima de qualquer lesão ao seu patrimônio, a sua integridade física. Agora, me parece, Sec. Eichenberg, que está faltando à Polícia Civil e à Brigada Militar através dos meios de comunicação é conscientizar a população de que uma tentativa de furto não pode levar a pessoa a não ser que seja um reincidente conhecido, ladrão, foragido, em condicional, mas às vezes, é um primeiro delito, às vezes até, de uma pessoa recém saída  da menoridade que a lei penal não autoriza a prisão em flagrante de uma tentativa de furto, e que muitas vezes, aquela pessoa tem o direito constitucional de responder em liberdade o seu primeiro delito e que o sistema penitenciário se integra na questão segurança. Nós não temos no Rio Grande do Sul mais lugar para amontoar presos e, lamentavelmente, se mistura no Presídio Central de Porto Alegre e em muitas cadeias públicas do interior o autor de um crime hediondo, de um estupro, de um latrocínio ou de um jovem que de repente foi preso com um pacotinho de maconha levado pela circunstância da própria vida.

De qualquer forma, acho que é importante ouvirmos o Secretário, seus auxiliares e assessores lembrando ainda os companheiros que combatem frontalmente a ação eventual da Brigada Militar em ações de despejo, que não sou eu que convoco a Brigada  e nem a Brigada está aí para isso, mas é um dos deveres constitucionais da força pública estadual do Rio Grande do Sul a pedido de determinação judicial. A Brigada não vai lá despejar porque gosta de fazê-lo. Muitas vezes o brigadiano que está despejando não tem onde morar, ou pelo menos não tem uma casa decente para proteger a sua família. É o juiz que determina e nem o Secretário e o Governador do Estado podem negar a força pública para manutenção da ordem sob pena de crime de responsabilidade.

Quero colocar ao Secretária duas questões objetivas. Li nos jornais de hoje que o núcleo do PT da Brigada Militar convidou o ex-Prefeito Olívio Dutra para conhecer Cuba e conhecer no país do nosso glorioso Fidel Castro, o sistema interno de segurança da ilha de Cuba. A Brigada Militar tem núcleo do PT? Existem núcleos partidários dentro da Brigada? O Regulamento Interno da Brigada permite a formação de núcleos partidários? Interessa ao Secretário de Segurança do Estado o sistema de segurança interna de Cuba?

A outra questão é com relação ao Centro de Porto Alegre. Sou pós-graduado em vilas populares e a minha experiência diz que não é na vila que está a marginalidade. Os grandes delinqüentes vêm atuar no Centro de Porto Alegre, nos bairros da chamada burguesia. Detentor desse quadro complexo, está nos planos do setor da sua Secretaria que engloba a nossa força pública militar a polícia civil uma ação repressiva, aquela que não vai resolver a questão mas psicologicamente espanta o meliante ao cidadão especialmente no Centro de Porto Alegre, em ruas caracterizadamente violentas, como a Riachuelo, a Salgado Filho, a Borges de Medeiros e a Rua da Praia, que, na visão do grande historiador gaúcho Décio Freitas, se transformou hoje numa porcaria urbana exatamente pela presença permanente de malfeitores, de marginais e pela insegurança a que está jogada a população. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Secretário de Justiça e Segurança está com a palavra para responder os questionamentos dos Vereadores Jocelin Azambuja, Airto Ferronato e Dilamar Machado.

 

O SR. JOSÉ EICHENBERG: Com relação ao batalhão HIPO, recebi o Processo, que inclusive me chamou muito a atenção, porque havia vários despachos de diversos comandantes da Capital. Isso faz parte da burocracia, infelizmente. Agora esse Processo teve que voltar novamente para a Brigada, porque temos um novo comandante. Depois o Cel. Bonetti vai falar sobre ele, porque cabe a ele o parecer sobre a questão técnica e operacional sobre esse batalhão HIPO. De qualquer maneira, foi uma determinação para a Brigada: decidam-se; ou isso é importante e vamos executar ou não é importante e vamos justificar por que não. Essa é uma regra na Secretaria da Segurança. Devemos saber, em determinadas ocasiões – e não é este o caso -, dizer não.

Tenho algumas restrições pessoais a batalhões; penso que a Brigada não deve ter mais grandes estruturas. Mas o policiamento HIPO, sem dúvidas, é importante e tem um efeito muito bom. Temos constatado isso com a sua utilização em parques e ruas. Até há uma carência de animais que estamos tentando suprir para que possamos aumentar, em Porto Alegre, o policiamento a cavalo.

Em relação ao policiamento forçado, esse é um problema muito grave. Sabemos disso, convivemos com isso e não podemos ser hipócritas no tratamento dessa questão. Sabemos que isso ocorre, é proibido, não pode ocorrer, temos que buscar um equacionamento. A Brigada Militar vai ter que dar um passo, e isso não significa este tipo de policiamento, em relação ao que o Uruguai e Argentina chamam de polícia adicional. O que significa isso? Determinados serviços que são essencialmente privados, em termos de segurança em festas, eventos, jogos de futebol, deverão passar a ser cobrados. Normalmente, para controlar esse serviço extra, é feito - estou me referindo a Uruguai e Argentina - com o próprio policial, aquele policial que está de folga, e que opta por se inscrever para prestar esse serviço. O pagamento, lá, desse tipo de serviço reverte 20% para o Estado, para a força policial para administrar o sistema, e, 80% reverte em favor do prestador de serviço. Esse é um caminho que vamos ter que seguir. Cada vez que falo isso vêm pessoas dizendo que tem que privatizar a segurança; não tem nada que privatizar a segurança, pelo contrário, esse é um caminho para permitir que a própria Brigada Militar, enquanto instituição, que a própria Polícia Civil controlem os seus servidores.

Eu sempre cito um exemplo muito claro, em 93 eu estava fora do Governo e pediram-me, num clube que freqüento, que buscasse a segurança para uma festa, e eu contratei essa segurança falando com alguém de dentro do próprio gabinete do Comandante-Geral da Brigada Militar. Essa é uma realidade que existia. Temos que enfrentar isso, é um novo tempo, sem dúvida é perigoso, já enfrentamos casos em que foram criadas situações de medo para facilitar a venda do serviço, agora, também há uma preocupação da Brigada, há um departamento de segurança e vigilância de guardas, que é controlado, e até atuou num determinado momento, houve até uma reportagem recente no Jornal “Zero Hora”, e muita gente criticou a sua atuação dizendo que estavam querendo impedir que o brigadiano fizesse um “bico”, que ganhe um pouquinho mais, estão querendo tirar a segurança daqueles para os quais o Estado não dá. Este é um problema que nos preocupa e penso que sobre isso o coronel pode nos falar. Com relação ao Ver. Dilamar Machado, o problema é se a Brigada tem núcleo com o PT. Sinto-me muito tranqüilo para falar sobre isso. Não quero dizer se tem ou não tem, até porque desconheço a existência de núcleos específicos. Sou o inimigo n0  1da partidarização da Brigada Militar. Sofri muitos problemas com meu próprio Partido, por exemplo, quando formei a minha equipe de trabalho na Secretaria, porque não chamei ninguém dos que participaram da campanha do Governador Britto; simplesmente, eu disse para pessoas que conhecia dentro da BM que precisava de um técnico que entendesse de drogas, outro de trânsito, disso, daquilo. E vieram. Nenhum deles era vinculado ao PMDB. Sofri críticas dentro do meu Partido, boletins, de que eu era inimigo do Partido, que eu não estava valorizando aqueles, que, afinal, ajudaram o Governador  a ser eleito. Então, sou absolutamente contra a partidarização da Brigada Militar, ou da Polícia Civil, ou de quem quer que seja. Existe um problema, vou lutar para que mude a Constituição: é o problema que ocorre na Polícia Civil, quando os Delegados e Agentes de Polícia se elegem Vereadores ou Prefeitos – no caso de Prefeitos, não, mas Vereadores – e continuam exercendo a profissão de policiais. Ora, polícia e política nunca deu certo. Eles podem optar pela função política, mas, enquanto a exercerem devem deixar de exercer a função policial, podendo até optar pela remuneração policial se for mais elevada do que a da função política de Vereador. Então, sou diametrametalmente contrário à partidarização da BM. A partidarização da BM já causou à instituição inúmeros estragos. Policiais, oficiais da maior competência foram preteridos por outros de competência duvidosa, exatamente porque estes tiveram a competência de manusear, de se achegar às lideranças políticas do Partido do Governo. Polícia tem que ser profissional. Os mais competentes têm que comandar. Podem até ter preferência partidária. Todos as temos, todos votamos na eleição. Agora, exercício de política dentro da BM, não. Quanto a se há interesse de nossa parte em conhecer o sistema de segurança pública, respondendo com um redundante não. Também temos preocupação com o Centro de Porto Alegre. Não tenha dúvidas de que temos preocupação, tanto que levando policiamento para as vilas, porque estes pequenos delitos estão ocorrendo nas vilas e isso é uma nova realidade e também temos que conter o poder do tráfico de drogas dentro das vilas. Agora, nós nos preocupamos também, com o Centro de Porto Alegre. Deve haver ação policial de repreensão no Centro para que se desenvolva a tranqüilidade no Centro. Agora, volto a insistir, porque o problema não é só de segurança. O Centro é o que é hoje, porque houve decisões equivocadas quanto à sua concepção, até mesmo, urbanística. No momento que se tirou a circulação normal do Centro, especialmente a circulação de carros, se matou o Centro. Não faz muito tempo, parava-se na praça da Matriz para ir ao Matheus, ir ao cinema, bater um papo. O que que acontece hoje? Aquela praça, a partir da seis horas, infelizmente, está entregue a marginais, à prostituição, enfim, à insegurança. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

            

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Cel. Bonetti.

 

O SR. BONETTI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. Secretário, nós gostaríamos de colocar, inicialmente, a nossa preocupação em razão da nossa participação. Nós entendemos que os Senhores são os representantes da comunidade porto-alegrense, e nós não queremos nos autodefender, mas colocar o que está sendo feito.

Senhores Vereadores, no que se refere ao Pelotão HIPO, essa documentação realmente está no Comando de Policiamento da Capital. Embora o Senhor Secretário tenha colocado o aspecto de transporte afirmando que o pessoal leva uma hora e meia do Pelotão Bento Gonçalves até o Centro para fazer policiamento nos parques e algumas ruas da Cidade, hoje não é mais realizado isso, em função de que os cavalos são transportados por caminhão. Mas não era essa a preocupação. A preocupação é de que este processo deve ter um resultado o mais breve possível e que está dentro, principalmente, daquele princípio de descentralização e da colocação do policiamento mais próximo possível da comunidade. Existem alguns aspectos técnicos que devem ser observados. Nós já tivemos um pelotão HIPO instalado no Parque Marinha do Brasil e, em razão da proximidade do Rio Guaíba, que influi nas condições climáticas do parque, os cavalos sofrem bastante com a temperatura, inclusive alguns cavalos morreram. Mas é um assunto que deverá ser resolvido pela construção adequada em relação ao Pelotão.

No que se refere ao policiamento forçado, isso é irregular, não existe. Assim como as pessoas denunciam alguma outra infração, algum outro delito cometido, também sobre esse policiamento forçado, se algum policial militar estiver colocando, nós gostaríamos de ser avisados, para que sejam adotados procedimentos. E como o Sr. Secretário já disse, o próprio Departamento de Serviço de Segurança e Guardas fez uma fiscalização e alguns policiais militares foram encontrados realizando tipo de trabalho de segurança. Foram adotadas algumas medidas, eles foram orientados, embora o número de pessoas que criticaram tenha sido grande, pela forma que o Departamento adotou esses procedimentos em relação às pessoas que estavam fazendo esse trabalho.

Nós temos o comando de policiamento da Capital e dividimos por regiões para a transmissão de responsabilidades. O Cel. Hélvio é o Comandante do 10 Batalhão; ele é o Comandante da área Zona Sul; o Cel. Afonso é o Comandante do 110 Batalhão, que é a Zona Norte; e o Major Vicente é o Subcomandante do 90 Batalhão, que é responsável pela área central. Tanto existe uma preocupação com a área central, que nesse processo de descentralização nós instalamos uma Companhia de policiamento, que é a 1a Companhia do 90 Batalhão, que está na área central, voltada totalmente para o serviço à comunidade que está no Centro. Embora o número de habitantes de Porto Alegre seja determinado pelo censo, nós sabemos que na área central é maior do que consta no censo. Eu gostaria que fosse colocado ao Subcomando 90, para dar maiores esclarecimentos sobre o Centro de Porto Alegre. Muito obrigado. 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Major Vicente, representante do 90 Batalhão, está com a palavra.

 

O SR. VICENTE: O 90 Batalhão é responsável pela área central. E muito tem se falado hoje, não só no setor público como também no setor privado, em qualidade total, reengenharia, parceria, e outras palavras que definem procedimentos. O 90 Batalhão tem adotado a palavra realidade para o seu procedimento. Não adianta nós, que executamos o policiamento, estarmos divagando que temos mais ou menos números de viaturas ou mais ou menos homens. O que nós temos que ver é a nossa realidade, que é o Centro de Porto Alegre, os recursos que nós dispomos e em cima disso nós trabalharmos. Para isso temos procurado identificar dentro do Centro de Porto Alegre, não só o núcleo, mas uma comunidade. Tínhamos como princípio que no Centro, embora de manhã e de tarde tenha milhares de pessoas circulando e à noite não tenha ninguém, é possível identificar-se uma comunidade. Em cima disso nós trabalhávamos. Para isso nós temos os nossos capitães que hoje se fazem presentes para ouvir os anseios das comunidades a que os senhores representam. Nós temos procurado identificar essas pessoas e, dentro da realidade que nós dispomos, atendemos à dura realidade de todas elas.

Não vamos mascarar que todos nós já tivemos um familiar que já foi assaltado no Centro; a correntinha da nossa vó, da nossa filha, da nossa esposa, já deve ter sido roubada algum dia. O que nós temos que fazer é trabalhar em cima disso. Para isso, o 90 Batalhão tem colocado um efetivo, não só o clássico efetivo, que é um policial fardado circulando na área central com ação inibitória dos delinqüentes, como também o pessoal civil para que nós possamos nos aproximar mais disso. Eu gostaria de transmitir aos senhores um pedido nosso: que os senhores repassem às comunidades de que não adianta um, dois ou cinco brigadianos na porta da nossa casa ou da nossa quadra. A comunidade tem que dar retorno. Essa mesma tia, mãe, filha, de quem foi roubada a correntinha, se ela não acompanhar o PM que pegou aquela criança de 12 anos ou criança de 17, à delegacia, toda ação policial é inócua. Eu não posso chegar na 1a DP ou na 17a ou outra delegacia com alguém dizendo: este maior ou este menor roubou a correntinha. Eu tenho que ter a pessoa que foi roubada e quer sua correntinha.

As pessoas, como falou o Ver. Dilamar Machado, quando são furtadas ou roubadas ficam apavoradas, tensas. Mas nós precisamos que os senhores transmitam isso à comunidade que representam, porque aí nós temos condições de, passo a passo, eliminar essas pessoas que nos causam problema, como um todo, dentro da palavra realidade. Não adianta só a Brigada Militar. Nós estamos trabalhando com a comunidade e com os demais órgãos públicos. Nós tivemos reuniões setoriais, como por exemplo, na Independência e Garibaldi, em que tivemos a participação do Ver. Isaac Ainhorn. Há um problema nos bares na Independência e Garibaldi, que saíram da Oswaldo Aranha em razão do processo de alguns anos, e se deslocaram para lá. Mas o assunto envolve SMIC, Secretaria da Saúde, uma série de fatores que precisamos que os Senhores nos auxiliem. Nesse aspecto estamos trabalhando. E o coroamento deste trabalho no Centro, de aproximação de policiamento no Centro, de identificar uma comunidade, podemos dizer que o primeiro passo foi dado na sexta-feira com a inauguração dessa primeira Companhia e o lançamento da campanha “Centro Seguro”. Além da presença dos policiais militares nas 24 horas do dia, que é tradicional, da Brigada Militar, estamos solicitando, aos empresários e ao comércio local, uma série de medidas que podem auxiliar na sua segurança, eles mesmos. Aquela pessoa que sai do banco e fica contando dinheiro na rua, posso colocar 30 homens em volta dela, assim mesmo vai ser assaltada dali a pouco, pois está chamando a atenção para si. Aquele comerciante, aquele banco que não tem interesse em cuidar, aplicar dinheiro na segurança, porque o seguro paga, depois chama a Brigada Militar, e a Brigada não produziu resultados; esse pessoal, esse empresário, essa comunidade tem que nos ajudar.

O Centro é muito importante para nós, trabalhamos dentro de uma realidade e, com maiores ou menores recursos, vamos trabalhar, não importa que seja com 300 homens, 100 ou 50, o que importa é que eles produzam algo que dê satisfação à comunidade.

Repasso um pedido da Brigada Militar: que suas comunidades se organizem e repassem para nós, cobrem o contato dia a dia. Nós, comandantes, não somos as pessoas mais importantes para as pessoas comunidades, são os nossos sargentos, tenentes, capitães, esses devem conhecer a todos os Senhores. Nós somos uma representação de nossas grandes unidades, precisamos o apoio de todos os Senhores. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao terceiro bloco. Temos as inscrições dos Vereadores Pedro Américo Leal, Henrique Fontana, Gerson Almeida. A única questão que nós queríamos suscitar a V. Exa. é que o Secretário Eichenberg tem um compromisso em Sapucaia do Sul. Então ele vai ouvir as intervenções e vai deixar a cargo dos seus comandados que dêem as respostas.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu respondo ao Ver. Dilamar Machado, porque na segunda-feira eu fiz uma longa explanação sobre a nova filosofia que inspira a Brigada Militar, dizendo a ele e a todos que as unidades, praticamente, se fracionavam e que nessa divisão de 45 pelotões, 4 batalhões, cabia ao 90 batalhão de Polícia, com a sua companhia, ocupar o Centro da Cidade. E na verdade o fez. Sexta-feira V. Exa. estava lá, o Presidente da Casa também, nós temos 200 homens no Centro da Cidade se quarteando, 50 homens civis, o que praticamente dá uma descanso ao Largo Glênio Peres, ao Chalé da Praça XV, etc. Então eu estranhei que o Ver. Dilamar Machado colocasse o Centro da Cidade como problema, quando praticamente se inicia a sua solução.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Henrique Fontana está com a palavra.

 

O SR. HENRIQUE  FONTANA: Sr. Presidente, Sr. Secretário de Segurança Pública do Estado, demais pessoas que compõem a Mesa e nos visitam na Câmara nesta tarde, eu gostaria de fazer uma breve reflexão neste meu tempo e uma pergunta, finalmente, ao Sr. Secretário, mesmo entendendo que ele está saindo, mas não há problema que essa resposta venha num outro momento. Nós vivemos, não só neste Estado, mas neste País, um intenso debate que diz que a máquina pública é muito grande e que existe servidores públicos em demasia e que o Estado, a estrutura pública, é pesada e, portanto, deveria ser enxugada e que é o grande problema que a Nação Brasileira enfrenta, hoje, o excesso de peso do Estado Brasileiro. O paradoxo é que do outro lado existe uma intensa demanda social por diversos serviços públicos que são completamente insuficientes diante da demanda, necessidade real e efetiva da população. Cito como exemplos, o serviço de saúde pública, que é reconhecido por todos os habitantes deste País como insuficiente, serviço de educação pública e, especialmente hoje, já que a tarde é de reflexão e debate sobre a segurança, serviço de segurança pública. Então, há aqui um paradoxo importante. Ao mesmo tempo em que uma determinada ideologia, um determinado ponto de vista de como deve se organizar a sociedade, diz que é preciso diminuir o tamanho do estado, que é preciso diminuir os custos com essa máquina pública, existe de outro lado uma demanda real e efetiva por mais serviços de segurança, por mais serviços de saúde, por mais serviços de educação e assim por diante. Ora, é óbvio que não se faz serviço público sem servidor público e não é possível que aceitemos a lógica, mesmo que concordemos com ela, de que só a racionalização, a reengenharia, a requalificação, o reestudo de como movimentar a máquina pública, poderia suprir as necessidades de serviços públicos que existem neste País, no Estado e, também, na nossa Cidade. Eu entendo que em diversos setores é preciso ampliar o número de servidores públicos, ao contrário do que tem sido dito por diferentes setores, por diferentes opiniões políticas neste País. O Secretário colocou que dentro da área de segurança pública, o chamado programa de demissões voluntárias, não vai retirar nenhum efetivo da Brigada, aquele que presta serviço direto de policiamento nas ruas. Mesmo assim, Secretário, com todo respeito a sua opinião, não entendo e não percebo, na minha opinião pessoal e política, que exista um excesso de contingente na Brigada Militar. Se existisse o excesso, certamente, poderia ser rearranjada a estrutura interna da Brigada. Eu, como vereador, não me animo, em hipótese alguma, a fazer uma análise, porque não tenho conhecimento para tanto. Agora, o que eu percebo, e é aí que quero dirigir a minha pergunta, é que a população desta Cidade, deste Estado, deste País, reivindica mais serviço de segurança pública. Aliás, ela tem sido compelida, como na área de saúde, a contratar serviços privados, segurança, como na área de saúde, tem contratado serviço privado. Ela não faz isso porque quer, ela faz isso porque é obrigada, devido à deficiência do serviço público, pela perda da capacidade de ação do serviço público. A minha pergunta, Sr. Secretário, é se existe, de parte do Governo Estadual, algum plano imediato e efetivo de ação do serviço público. A minha pergunta é se existe, de parte do Governo Estadual, algum plano imediato e efetivo, dentro do quadro da Brigada Militar, de contratação de novos servidores, tanto na Brigada Militar como na segurança pública como um todo, na Polícia Civil, mais especificamente. Eu coloco, como Vereador desta Cidade, que eu não tenho nenhuma dúvida, pelo número de reivindicações que recebi e que nunca encaminhei, porque entendo que é difícil a um Vereador interferir em um serviço estadual, mas eu tenho a convicção de que é preciso, sim, ampliar o efetivo da BM e da Polícia Civil, a despeito de todas as outras iniciativas da qualificação e racionalização do serviço. A minha pergunta objetiva é essa. Encerro, Sr. Presidente, colocando a minha estranheza com a ilação ou a pergunta colocada pelo Ver. Dilamar Machado. Reforço a resposta do Secretário de Segurança porque, na minha opinião, não é só o profissional de Segurança que tem que ter um trabalho exclusivamente profissional, todos os profissionais do serviço público, seja ele um professor, um médico, um advogado ou um servidor de segurança, devem ter uma ação estritamente profissional no seu cotidiano. Agora, a todos os servidores públicos deve sempre ser permitido que tenham, como colocou o Secretário, a sua opção e participação política e, portanto, só para esclarecer ao Ver. Dilamar, se há algum núcleo de membros da Brigada Militar do Partido dos Trabalhadores, este é um núcleo do Partido dos Trabalhadores e não da Brigada Militar. Então, é óbvio que a instituição Brigada Militar não tem nenhuma responsabilidade sobre a forma como se organizam politicamente os cidadãos deste Estado, desta Cidade,  deste País.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: No último bloco, a palavra com o Ver. Gerson Almeida, encerrando as manifestações dos Srs. Vereadores.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Eu serei breve e início fazendo um elogio à Brigada Militar, já que tive oportunidade como Secretário do Meio Ambiente da Prefeitura de Porto Alegre, de estreitar uma relação direta especialmente com o Esquadrão Ambiental da Brigada Militar, mas não apenas com ele. Essas relações sempre foram de alto nível e elevado espírito público, sempre que a instituição Prefeitura, no caso, a Secretaria de Meio Ambiente, precisou da Brigada Militar e vice-versa.

Talvez esse debate possa ajudar a colocar essas questões. Em recente pesquisa feita por uma agência nacional, viu-se que, em Porto Alegre, a principal preocupação da população é a segurança pública, com 24%. A única capital do Brasil que se assemelha a isso, com 2% a mais, é o Rio de Janeiro. Isso me fez, surpreso, pensar sobre o que está acontecendo com os cidadãos de Porto Alegre que se preocupam tanto com a segurança quanto os cidadãos do Rio de Janeiro, que nós conhecemos pelas manchetes dos jornais, com uma violência muito grande. Essa é uma interrogação que todos nós, homens públicos, nos mais variados níveis, devemos estudar os motivos pelos quais acontecem. Concordo com o Secretário de que não é com repressão que se resolve isso, não há dúvida. Pensando nisso a Prefeitura Municipal de Porto Alegre tem feito um esforço muito grande no sentido de cumprir a sua parte e, em alguns momentos, ir um pouco além, fornecendo inúmeros equipamentos à própria Brigada Militar, como viaturas. Na condição de Secretário do Meio Ambiente, tive oportunidade de encaminhar várias viaturas num convênio que fizemos para o policiamento dos parques e praças, doando equipamentos para outros órgãos e aplicando recursos pesados nas políticas sociais: saúde, educação, saneamento básico, e assim por diante. Essa é uma maneira concreta também de enfrentar situações que geram violência dentro dos bairros populares, pobres. Há poucos dias a Prefeitura doou, num esforço conjunto da Prefeitura com a Brigada Militar, mais uma área no Centro da Cidade para sediar a primeira Companhia do 90 BPM, o que será mais um elemento para auxiliar na qualificação e melhoria dos serviços para a população, algo intermediado pelo Ver. Pedro Américo Leal, a quem essa iniciativa deve grande parte de responsabilidade pelo seu sucesso. É preciso ressaltar que o esforço do Município deve ser somado aos esforço federal e estadual no sentido de dotar o Estado também de políticas públicas capazes de fixar as pessoas no campo, com políticas agrícolas, política habitacional, enfim, uma série de outras políticas que possam melhorar, num esforço conjunto, a qualidade de vida do cidadão e impedir que ele migre de forma tão grande para a Região Metropolitana e para Porto Alegre, especialmente. Refiro-me a isso porque o Ver. Carrion e Ver. Pedro Ruas também citaram, como uma contradição, o próprio Secretário levantou essa questão, de que o mesmo partido que pede eventualmente para não haver violência, em alguns casos, pede para haver. Entendi que há uma insinuação contradição, de parte do Secretário, em relação à postura do Partido dos Trabalhadores, se não quisermos fazer a crítica fácil, igualar a situação da Vila Tecnológica, a ocupação dela, para fazermos ali estudos de melhoria de qualidade de materiais para habitação urbana. Com a ocupação que foi feita agora pelos moradores da Vila Tecnógica, numa área que já tem o seu reassentamento garantido, dentro do esforço que a Prefeitura tem feito para reassentar a Vila Cai-Cai, a Vila Planetário e outras, há, no mínimo, uma questão que precisa ser melhor debatida, porque não quero também eximir o Município de qualquer responsabilidade, que seria um absurdo, mas parece-me muito fácil cair no terreno da responsabilização por igual de órgãos que têm responsabilidades constitucionais bem diferentes sobre determinados assuntos. Reconheço o esforço da Brigada Militar, e questões como a segurança pública são fundamentais, mas não encerram em si a solução de problemas. São políticas públicas e sociais que, infelizmente, temos visto muito aquém do que seria necessário para o bem-estar de nosso povo em Porto Alegre e no País inteiro. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerramos o período correspondente à manifestação dos Srs. Vereadores.

 Com a palavra o Sr. Secretário para suas considerações.

 

O SR. JOSÉ EICHENBERG: Com relação à colocação do Ver. Henrique Fontana sobre o problema do tamanho da máquina pública e a contradição que acontece, de um lado, com o enxugamento do Estado e, de outro, uma demanda cada vez maior de ações do Estado, especialmente nas áreas sociais, nesse ponto eu tenho uma noção muito clara. Ao menos na área da Justiça e da segurança, eu coloquei um número aqui que é real, e por mais que façamos crescer a receita do Estado, dificilmente, se não houver cortes de outra área, nós vamos conseguir aumentar, significativamente, o número de policiais em uma ou outra corporação, sob pena de gerar déficit público e, gerando este, tornar em pouco tempo ingovernável o Estado. Sempre se optou, infelizmente, pela solução mais fácil, ou seja, a solução à demanda: ponha-se mais gente. Nunca se questionou a forma.

Temos um exemplo: quando assumimos o Governo do Estado, havia filas em torno do Instituto de Identificação, e todo dia a imprensa reclamava, exigia que contratássemos mais gente e colocássemos mais equipamentos. Fizemos um programa de qualidade total e, com os mesmos recursos humanos e materiais, acabamos com a fila e aumentamos o número de carteiras expedidas, diminuindo significativamente o tempo de entrega da carteira, porque havia uma centralização e nós descentralizamos, colocando de novo nas delegacias de polícia. Havia uma má orientação do público, porque todo mundo chegava às quatro da manhã para pegar um lugar na fila. O Instituto trabalhava com uma super demanda das sete ao meio dia e, do meio dia às sete da noite, não havia ninguém. Fizemos um trabalho de orientação, distribuímos, nos horários, o pessoal. Hoje não temos fila. Um número muito maior de carteiras é emitida e não contratamos recursos humanos. Não podemos optar pela solução fácil. Temos que mudar estruturas.

Eu falei do DETRAN. Acho que, com o mesmo número de policiais civis, podemos exercer mais a ação de polícia judiciária na medida em que funções administrativas deixem de ser exercidas pela Polícia Civil. Seiscentos policiais passarão a exercer funções de polícia. A fiscalização do trânsito tem que passar para os municípios. Foi colocado pelo Ver. Gerson que a Prefeitura é parceira disso. Ela tem toda a arrecadação das multas de trânsito, que são valores significativos, e que retornam para a segurança em 30%. Essa função de fiscalização, a Prefeitura planeja, opera, por que ela não pode fiscalizar? Eu não estou falando em relação a Porto Alegre. São Paulo fiscaliza, Joinvile, por convênio, fiscaliza e libera policiamento. O problema da guarda municipal de Novo Hamburgo vamos reativar. Acho que temos que pensar e, depois desses ajustamentos, se faltarem policiais, eu vou defender o recrutamento de novos policiais. Delegado de polícia é uma função exclusiva de um determinado profissional, e temos mais de trezentos municípios sem delegado. Temos que ir lá e fazer um concurso. Qual é o parâmetro que nos apresentam em termos de estado moderno, ágil e enxuto? É o Estado do Paraná. Lá tem 132 delegados, não profissionais, não concursados, nomeados politicamente. Todos os inconvenientes de uma nomeação de um delegado de polícia por forças políticas locais, temos que pensar, e não sou partidário da ausência do Estado, pelo contrário, acho que, num país de tantas desigualdades, o Estado tem que se fazer presente por muito tempo, porque talvez sempre tenha que estar presente para corrigir.

Não podemos continuar com a política fácil: tem demanda, contrata gente. Por exemplo: na área médica, o IPF. Ninguém falava nele. IPF teve em situações muito piores do que vive hoje. Tivemos um ano de Governo em que não ouvi nenhuma crítica do IPF, nem interna, nem externa. Foi baixar-se uma portaria dizendo que os médicos tinham que cumprir a carga horária para que uma advogada se tornasse a paladina do IPF, que era contratada por eles para entrar com uma ação para voltar ao regime antigo. Sabe quanto tempo eles davam de trabalho ao IPF por semana? Uma hora. Não há serviço público que resista. Isso é importante, porque não é possível. Podemos contratar mil médicos e nunca vamos ter médicos. Dizem que o salário é pouco, mas ninguém vai embora. Não acredito que nenhum deles seja masoquista nem tampouco que o altruísmo seja grande característica, porque todos eles pediram demissão das funções de chefia. No momento que eu revogasse a portaria, não teria nenhuma dúvida de que as críticas do IPF cessariam. Há problemas de IPF. A Prefeitura, a Secretaria Municipal, o Centro de Fiscalização Sanitária por lá, têm problemas e nós haveremos de corrigi-los. Agora, a grande maioria dos problemas eram problemas de gestão e de gestão direta e quem é que faz esta gestão direta.  Não sou eu, são os médicos.

Então, há que ter uma responsabilidade e se ajustar ao serviço público tirando do Estado aquilo que o Estado não precisa mais fazer. Hoje, ainda, no final do milênio, se registra numa delegacia de polícia a perda de um documento tomando tempo do policial, tomando formulário do Governo, tomando espaço do computador, que é pago pelo Estado, quando é uma operação que poderia ser feita pela própria polícia, mas pelo Correio. No momento em que se racionalizar, aquele policial que passou um dia inteiro atendendo ao pessoal que foi lá registrar perda de documento, registrar acidente de veículo com dano material, porque o Estado trabalha para seguradoras e para mais ninguém, isto são funções que têm que sair do Estado. Um programa de desburocratização tem que ocorrer.

Outro dia, estávamos discutindo a questão do DETRAN e estavam todos os despachantes nos questionamento e o presidente do Sindicato nos perguntava por que tanta rapidez na mudança e estavam todos muito preocupados com a perda de espaço que eles não vão perder. O despachante sério, o despachante honesto, competente vai ter muito mais espaço num novo sistema e houve um que reclamava e eu perguntei: “Por que o Senhor está dizendo que é o dia mais trágico do Senhor, que o Senhor  vai perder o emprego?“ E ele dizia: “Não, porque o Senhor vai acabar com os papéis, vai ser tudo por computador”. Eu coloquei que se este era o problema, eu iria falar com o Secretário do Trabalho e gerar 4 mil empregos para absorver e os senhores deixam de existir como despachantes, porque se para os senhores existirem o serviço público tem que ser incompetente, então os senhores não podem existir.

Acho que o senhor tem razão neste aspecto, há setores que faltam servidores e que têm que ser repostos, agora, há muitos setores que podemos racionalizar e com os mesmos servidores fazer mais. A Brigada Militar é um exemplo. Há sentido, hoje, no momento em que vivemos, com a pressão que sofremos, a Brigada Militar ter a mesma estrutura, por exemplo, de olarias, de serviços que tinha há 10, 20 anos atrás? Não. Agora, também o Estado tem que suprir os meios, porque do contrário, o contra-argumento da BM vem logo: “quando eu mesmo fazia, eu tinha como suprir a necessidade, agora  que eu não faço o Estado não me dá recursos para fazer”. Eu acho que isso não significa destruir o Estado ou fazer com que o Estado decaia de funções que são suas. Não, agora, sempre que ocorram problemas, que se faça contratações emergenciais, concursos. A nossa preocupação é de ter esse tipo de ajuste estrutural que tem que ocorrer. Tudo mudou e em uma velocidade muito grande. Nesse sentido é que estamos trabalhando. Quando vejo alguém dizer que estamos tentando desmantelar a Brigada Militar, não é verdade; queremos, sim, é ajustar a Brigada Militar. Houve desvios, sim, a própria Brigada reconhece. Houve problemas de salários por incorporações que eram legais, mas que geraram distorções. Isso nós não vamos mudar, mas devemos fazer com que daqui para frente isso não ocorra mais. A Brigada tem outra estrutura e a preocupação do Governo é de encaminhar soluções que sejam compatíveis com o seu orçamento. Aplicar 8.3 do orçamento em segurança pública é muito. O Estado aplicou menos, por exemplo, em saúde pública. Se dentro disso nós temos 86% de pessoal, e, o que é pior, a grande maioria dos servidores policiais civis e militares estão mal pagos. Então, temos que repensar. Isso não significa que vamos reduzir o contingente e que vamos mandar para a Assembléia uma lei para congelar o contingente em vinte e seis mil. Isso seria muita ingenuidade nossa. Estamos operando com toda a transparência. Na área da Justiça e da Segurança, eu vou onde quiserem, porque não tem assunto proibido para mim e nem para ninguém que trabalhe conosco. Nós nunca vamos a um local e dizemos que sobre determinada questão nós não falamos. Pelo contrário, é jogo aberto. É tiro para um lado e tiro para outro. Não tem problema. Tem um outro ponto que é importante se dizer. Nós temos uma má-distribuição de efetivo da Brigada Militar no Estado do Rio Grande do Sul. Se dividirmos em três segmentos – Capital, Região Metropolitana e interior -, a pior região, em termos de densidade populacional e criminalidade, é a Região Metropolitana. É a que tem a pior relação policial por habitante. Lavras do Sul, por exemplo, possui 168 policiais. Nada contra Lavras do Sul, mas não pode haver 168 policiais. Eles dizem que lá está a sede do Regimento, mas, se, há setenta anos, instalaram o Regimento em Lavras do Sul, porque se anteciparam ao Prefeito de Bagé, os tempos mudaram. Temos que redistribuir melhor esse efetivo, porque ele está sendo pago por todos nós – 310 milhões que pagamos para os vencimentos. É claro que isso é difícil de fazer de uma hora para outra, pois tem um custo político. Imaginem todas as regiões pedindo policiais e nós chegarmos em Lavras do Sul e dizermos: “Agora, de 168, vocês ficarão com 20 policiais”. Há um custo social também, porque o policial ganha pouco e lá ele tem casa. Além disso, há um custo financeiro da transferência, mas isso tem que começar a ser feito paulatinamente.

Há o problema das delegacias regionais de polícia. Há 29 delegacias regionais. Se a pessoa morre em Jaguarão, o corpo passa por Pelotas para ser levado ao Instituto Médico Legal de Rio Grande. Isso são meios que estão sendo consumidos sem nenhuma vantagem operacional. Tem que chegar o momento em que as pessoas entendam que a essência da segurança pública em um ou outro município não está em cima de um batalhão, de um regimento ou de uma delegacia regional. Está em cima do policiamento prestado na rua.

Muitas vezes esses são problemas de gestão. Uma melhor gestão, uma melhor operacionalidade, faz com que, com o mesmo número de policiais, tenhamos mais segurança. Infelizmente, no primeiro ano de Governo – tenho que reconhecer -, havia um grande campeonato de aplicação de multas em todo o Estado, mostro as estatísticas, foi o único Estado que aumentou o número de autos de infração e de acidentes, porque se criou aquela relação de se multar o carro parado, isso significa dinheiro para as prefeituras, de multas, e retorno desse dinheiro para a segurança. Só que esse cara que multou, o tempo que ele despendeu para isso, ele deixou de fazer segurança. Hoje, temos que multar? Temos, a Brigada tem que multar, senão estará prevaricando, mas isso não é mais prioridade do atual comando, isso é secundário. Trânsito é o primeiro problema de Porto Alegre, temos que equacionar isso. O problema das pesquisas é relativo, ninguém vai me dizer que Porto Alegre é uma cidade violenta, que Porto Alegre, pode ser equiparada, em segurança, a São Paulo; em São Paulo mata-se por dúzia. Não temos um seqüestro, não temos um latrocínio registrado em Porto Alegre neste ano. Por quê? É um problema de mal-entendimento. Aquele cara que responde à pesquisa, como o Vereador colocou, é aquele que sofre um pequeno assalto, este está furioso com a Brigada. Hoje, o nível de segurança em Porto Alegre é bom, não é excelente, mas é bom. Os motoristas de táxi reclamam, às vezes, mas é feita todo dia a operação táxi, e quando ocorre um crime é porque o motorista correu um risco que não devia, levou alguém ao Morro da EMBRATEL, é um convite ao assassinato. Então, acho que aí deve haver uma interação, e a minha preocupação de falar é fazer com que todos falem, para mostrar isso. Vamos lançar no segundo semestre deste ano um programa comunitário de gerenciamento do risco, a própria comunidade tem que nos ajudar a gerenciar o risco, muitas vezes ela se expõe. No outro dia houve um assalto a banco em Esteio, onde o assalto ocorreu às 19h30min. Ora, o funcionário do banco que deixa alguém entrar às 19h30min (...), não há sistema de segurança que agüente.

Estou colocando as coisas de forma franca e enfática, porque estamos aqui para enfrentar a realidade, não queremos uma realidade dourada, não queremos inverter números, nada disso. Queremos é que, também, reconheçam o que se está fazendo. Estou fazendo uma medição sobre como anda a segurança. Olhem a “Zero Hora”, por exemplo, e vejam quantas matérias de fundo, principalmente no fim de semana, ela faz com temas de fora de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Não temos aqui grandes seqüestros, grandes roubos. Tem o Paraguai, tem isso, aquilo. Isso mostra que a segurança, como um todo, está bem. O problema do pequeno assalto, do assalto dentro da vila, ele decorre ao natural pela situação que está aí: o desemprego. Passem numa vila às 11 horas da manhã, ao meio-dia; os caras estão bêbados na frente da casa, já; esse cara vai para um bar, dá um tiro no outro, uma facada. São coisas que estão dentro de um contexto e, dentro desse contexto, estamos enfrentando. Feita essa reestruturação, essa acomodação, faltou gente, tem que buscar, não tenho dúvida alguma.

 

O Sr. Henrique Fontana: Existe planos para ampliar o efetivo?

 

O SR. JOSÉ EICHENBERG: Eu lhe disse que não houve outro governo que fez isso. Colocamos 1400 policiais em um ano, quando tínhamos pressão de caixa. Isso não é ampliação? É uma baita ampliação. Tem que haver interação. Disse em Novo Hamburgo, outro dia, que tem que haver interação: segurança pública não é só o policial na rua: iluminação representa segurança pública; a rua, condições de trafegabilidade representam segurança pública; emprego representa segurança pública. Mas esse é um problema que não é nosso. Temos que atuar na área da repressão. Nessa área vamos atuar.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Queremos, ao final, já por volta das 18 horas, encerrar essa Sessão Especial e agradecer aos presentes. (Agradece nominalmente às autoridades presentes.) Esta reunião, acreditamos sinceramente, é mais um passo importante que se dá rumo à equação desses problemas. A nossa Casa, representação política da Cidade de Porto Alegre, recebeu hoje com muita satisfação a presença de vossas senhorias aqui na Casa, e creio que foram extremamente elucidativas tanto as manifestações formuladas por vossas senhorias como, também, pelos Vereadores. Na certeza de que esse trabalho aqui realizado vai representar a continuidade de um trabalho de interação, que temos a continuidade deste debate, da questão da segurança pública, Sr. Secretário, por ocasião, ainda deste primeiro semestre, na jornada: Governo do Estado e Câmara Municipal que estamos programando com o Governo, diretamente com a Chefia da Casa Civil e Governador do Estado e que um dos pontos de trabalho será, entre outros, a questão da segurança pública. Avançamos consideravelmente neste trabalho no dia de hoje. Muito obrigado a todos os senhores e suspendemos os trabalhos por  cinco minutos para as despedidas finais.

 

(Os trabalhos foram suspensos às 18h01min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 18h09min): Estão reabertos os trabalhos. Apregoamos Projeto de Resolução, da Mesa Diretora desta Casa, que institui a Gratificação de Incentivo Técnico por produtividade aos funcionários a da Câmara Municipal de Porto Alegre, detentores de cargo para cujo provimento é exigido curso superior ou habitação legal equivalente.

Solicito ao Ver. Mário Fraga que assuma a presidência dos trabalhos para que este Vereador ocupe o tempo de Presidência.

 

O SR. JOÃO DIB: Vereador, eu havia solicitado tempo especial para esclarecer problema...

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que já deferiu a V. Exa. tempo especial por entender relevante a matéria.

 

O SR. JOÃO DIB: Aguardarei o pronunciamento de V. Exa.

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): Tempo de Presidência, fala Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao assumirmos como Mesa Diretora eu, Ver. Edi Morelli, Ver. Mário Fraga, Ver. Reginaldo Pujol, Ver. Fernando Záchia e Ver. Luiz Negrinho, um dos problemas que passamos a nos defrontar, nesses primeiros meses em relação a esta Casa, foi um processo que já tramitava e que tratava da Gratificação de Incentivo Técnico aos funcionários detentores de cargo de nível superior ou habilitação legal e equivalente. Vantagem esta que foi concedida aos funcionários do Executivo Municipal.

Srs. Vereadores, ao iniciarmos o trabalho de exame desta matéria, constatamos que havia alguns problemas extremamente sérios em relação a esta questão com quanto, estava se dando um encaminhamento legal e jurídico, a nosso ver, a juízo da Mesa Diretora desta Casa, inadequado, conquanto estaria se praticando um ato extremamente preocupante, do ponto de vista legal, na medida em que nós estaríamos autorizando uma despesa sem a existência de base legal autorizativa dessa despesa, embora reconhecendo a legitimidade e o direito a que faziam jus os técnicos-científicos desta Casa, em relação à Gratificação de Incentivo Técnico, que já tinha sido concedida aos funcionários do Executivo. Vencida esta etapa e conseguindo entender e encontrar o caminho jurídico mais adequado ao tratamento desta matéria – e só poderia esta matéria vingar através de um Projeto de Resolução oriunda do Plenário desta Casa, conquanto a Câmara de Vereadores tem competência para reger e dirigir a questão que envolva a questão de pessoal, tanto em relação à natureza administrativa como também em relação as suas vantagens, seus vencimentos e salário dos funcionários – possamos a enfrentar um outro problema, a saber daqueles que dizem com a existência de previsão orçamentária para enfrentar esta despesa.

E começamos a desenvolver um conjunto de negociações com o objetivo de não criarmos uma situação que, no momento seguinte, fosse frustrada alguma resolução, lei oriunda desta Casa e que não trouxesse resultados efetivos em relação aos funcionários, para que não transformássemos uma expectativa de um direito num direito que mais adiante se frustraria, conquanto embora o princípio da harmonia desta Casa em relação à administração de seu quadro de pessoal.

Estabelecemos conversações com a comissão de funcionários técnicos-científicos durante alguns meses. Estabelecemos também contatos com o próprio sindicato dos funcionários desta Casa. Encaminhamos negociações com o Executivo Municipal, que passou a reconhecer a necessidade da criação desta gratificação, conquanto ela já existia no Poder Executivo. Durante algum tempo, tivemos uma discussão muito dura, densa e pesada, com todos os setores, com todas as faixas de hierarquia dentro do Executivo Municipal, quer em relação a nível de secretariado municipal, com os diretores desta Casa – estiveram várias vezes reunidos, com a participação dos representantes da Comissão de Técnico Científicos. Este Vereador manteve contatos em nível de respeito, de discussão séria e responsável, em relação a essa matéria, com o Sr. Prefeito Municipal. Chegamos, inclusive, a apregoar um projeto de resolução desta Mesa que no entanto, não estava suficientemente amadurecido, em termos de definições, conquanto o Executivo colocava uma posição, rígida mais, de que os vencimentos não poderiam ultrapassar os vencimentos dos funcionários do Executivo, pois alegava a existência de problemas com os técnico-científicos em nível do Executivo Municipal e que, a conceder a GIT nos mesmos patamares que foi concedida, nos seus percentuais, aos funcionários do Legislativo, os do Legislativo extrapolariam os vencimentos dos funcionários do Executivo.

Em idas e vindas, em dificuldades que todos os senhores vereadores conhecem e são testemunhas, conseguimos, finalmente, chegar a um denominador comum, a partir de um ponto intermediário, de uma proposta existente do Executivo Municipal, formulada pelo Sr. Secretário Municipal da Administração e, de outro lado, uma proposta que foi aquela do Projeto de Resolução, apresentando num primeiro momento, pela Mesa Diretora. Foi apregoado e depois foi sustada a sua tramitação. Foi sustada porque não havia, ainda, um ponto de definição e de negociação que se transformasse, efetivamente, numa realidade, a GIT, para os funcionários desta Casa. Finalmente, conseguimos no curso desta semana, adequar um projeto que não representa – é bem verdade - a vantagem concedida – o que era, no nosso entender, o correto e o direito  - nos mesmos patamares do Executivo Municipal, mas chegamos a um ponto intermediário que foi aprovado pela Comissão dos Técnicos Científicos, bem como na sua assembléia geral, com a participação da Bancada do Partido dos Trabalhadores nesta Casa e do Executivo Municipal. Conseguimos, ainda, no curso dessas negociações, retroagir o pagamento da GIT para do mês de março. Considerando o direito, básico, nós achávamos que o pagamento deveria ser feito a partir do mês de novembro, como foi com os funcionários do Executivo. Mas porque algumas categorias – uma faixa pequena – ficarem com o patamar de vencimentos acima dos técnicos científicos do Executivo, conseguimos chegar a retroagir do pagamento da gratificação de Incentivo Técnico até o mês de março.

Acredito que tenha sido uma vitória desta Mesa Diretora neste primeiro momento, e quando for aprovada pelo conjunto dos 33 Vereadores desta Casa, quando for examinada, discutida e aprovada por esta Casa, será uma vitória deste Legislativo Municipal no exercício pleno da sua autonomia e da sua presença política como instituição, como poder legislativo bicentenário.

Nós acreditamos que este Projeto se constitui-se numa reafirmação plena de uma ação política autônoma e independente, mas com seriedade e responsabilidade, assim como outros atos e outras manifestações nesse sentido foram conquistadas por outras Mesas Diretoras desta Casa. Portanto, o Projeto que, há poucos minutos, foi apregoado, é fruto de todo esse trabalho, que, poderíamos dizer, representou os cinco meses de exercício de Mesa Diretora por parte deste conjunto de Vereadores que tem um coletivo de trabalho, que muito lutou para que essa gratificação de incentivo técnico se transformasse definitivamente num direito, numa vantagem conquistada pelos funcionários dessa Casa.

Reconhecemos, também o trabalho realizado sobretudo pelos técnicos científicos que souberam com muita garra, muita perseverança lutar por suas reivindicações.

Como esta Casa é fundamentalmente de natureza política, evidentemente, nós também como Mesa Diretora e como conjunto do Legislativo sofremos, também, essas injunções,  estes debates de natureza reivindicatória.

Queremos dizer, então que fazemos o reconhecimento dos técnicos científicos dessa Casa que souberam lutar pelos seus direitos, e reafirmar a sua vontade de ver seus direitos finalmente assegurados por essa Casa e pela Cidade de Porto Alegre.

Estamos chegando a um bom termo, cujo termo definitivo será quando conseguirmos também, e aí faço um apelo as Lideranças e aos Srs. Vereadores, de aprovarmos este Processo nos termos que se encontra proposto, porque a mexer na estrutura poderíamos representar uma circunstância de retroagirmos nas negociações que conseguimos sacramentar com as forças que participaram dessa discussão e desse debate por cinco meses.

Aprovado por essa Casa temos condições de enfrentar imediatamente, o mais rápido possível, as despesas oriundas deste processo, das vantagens concedidas aos técnicos científicos.

É uma vitória, Srs. Vereadores de todos os Vereadores desta Casa. Muito obrigado. 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra, em tempo Especial.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Antes de mais nada, as minhas congratulações ao Sr. Presidente desta Casa, à Mesa Diretora, pela vitória conquistada na busca de uma solução justa, que não foi tão justa, mas parte da justiça foi feita. Mas, de qualquer forma, ficou demonstrado o poder do Legislativo Municipal. Essa Comissão Externa, constituída com o objetivo de acompanhar as tratativas de dissídio coletivo dos funcionários de Porto Alegre, reuniu-se sob a Presidência deste Vereador, sendo Vice-Presidente o Ver. Lauro Hagemann e Relator o Ver. Antonio Hohlfeldt. Foram ouvidos o SINDICÂMARA, o SIMPA e os Secretários da Administração e da Fazenda. Foi pedido aos Secretário da Administração e da Fazenda que contestassem os dados apresentados pelo SINDICÂMARA e SIMPA, que demonstravam que seria possível dar 18% de reposição salarial sem que houvesse danos à Lei Camata, que preconiza 60% de gastos na relação Pessoal/Receitas Correntes. Mas, evidentemente, os 60% não seriam neste ano.

Ao tempo em que se fez o relatório não houve, por parte dos Secretários, a contestação. Esta contestação veio a acontecer depois de pronto o relatório, relatório que foi aprovado por 8 votos contra 2, e o Vice-Presidente viajou e não deu o seu voto. Mas na contestação que se fazia, importante, e só aconteceu depois, fez-se uma análise posterior ao relatório, a nota publicada reiteradas vezes pelo Executivo Municipal na imprensa local, onde o Governo Municipal, embora condene a política salarial do País, acaba adotando o índice do IGPM da Fundação Getúlio Vargas, que teria evoluído 38,93%, quando a reposição salarial teria atingindo 77,06%. No entanto, o índice legalmente determinante da política salarial do Município não era o IGPM, e sim o ICV do DIEESE e, mais tarde, o IPCR. Com base no ICV DIEESE, a reposição teria atingido 90,63% da evolução salarial, o que mostra uma defasagem clara de 13,57% neste período, aos quais se podem somar perdas de anos anteriores apontadas pelo funcionalismo. Na análise nós dissemos que a Câmara Municipal se dispôs, desde o início, a acompanhar, e não a decidir, as tratativas do dissídio, e é o que fizemos. Analisamos a única proposição efetiva do Poder Público Municipal, que era dar um aumento de 20% apenas no vale-alimentação e desta bimestralidade mantida que deu um índice de 0,72%.

Na análise das nossas conclusões, nós terminamos dizendo que a Comissão opina que o Executivo deve rever sua proposta salarial para o dissídio da classe municipária atendendo à realidade específica do Município de Porto Alegre, de modo a manter o grau de eficiência e qualificação, além de estabilidade e ligação funcional dos municipários da Cidade, evitando a perda de mão-de-obra qualificada e, diante de uma política perniciosa ao interesse do cidadão e do funcionário, acabe afastando-se dos quadros dos servidores municipais.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores eu vou insistir que a Comissão se dispôs, desde o início, a acompanhar, e não a decidir, as tratativas de dissídio, mas, na verdade, havia sido solicitado aos secretários, dois documentos: uma contestação ao trabalho bem elaborado do SINDICÂMARA e SIMPA e o cumprimento da lei que determina que a cada dois meses sejam encaminhados ao SIMPA e à Câmara Municipal as razões que chegaram aos índices de reposição mostrando o efeito dos gastos de pessoal sobre receitas correntes. Isso não tem sido feito normalmente; nós não temos condições. Mas é claro que a partir dos dados apresentados na contestação do Secretário, posteriormente ao encerramento da reunião, Ver. Antonio Hohlfeldt, eu e nossa assessoria, fizemos uma análise. O laudo pericial oferecido pelo SINDICÂMARA e SIMPA, dizia que se houvesse um aumento de 30%, os gastos de pessoal montariam a 66,85% na receita corrente e despesa de pessoal. A Prefeitura diz que é 71,9 e os nossos dados dariam 69,2. Para dar 20% a Prefeitura dizia que daria 66,4; o laudo, 61,7; e a nossa projeção, 63,9. Com 18%, que era o trabalho feito dizendo que não ofenderia a Lei Camata, o laudo dizia que chegaríamos a 60,5, a Prefeitura diz 65,2 e as projeções feitas por nós levaram a 62,8, o que em absoluto contraria a Lei Camata, porque ela não diz que é 60% no ano de 95, tem que ser num escalonamento para que chegue até 60%. Então, 62,8%, que nós encontramos, permitiriam, sem dúvida nenhuma, a aplicação dos 18% de reposição salarial. São coisas que devem ser examinadas pela Administração, e eu volto a dizer que não estamos decidindo, que não estamos impondo, mas nós temos absoluta responsabilidade sobre o que ocorre com os servidores. Não basta que nós apenas tenhamos a responsabilidade de votar o orçamento, nós temos que fiscalizá-lo, e nós temos convicções que o Executivo, através de seus Secretários, através dos dados fornecidos, não pode contestar. Então, nós continuamos dizendo, depois de uma análise posterior, que o Executivo deve manter o canal de comunicação com o SIMPA e com o  SINDICÂMARA para que alguma coisa seja encontrada em benefício dos servidores.

Este era relato que nós desejávamos fazer, colocando-nos à disposição de todos os Senhores Vereadores, a quem, na próxima Sessão, faremos chegar a cópia do relatório, para que também possam dar as suas contribuições, assim como faremos chegar a análise que fizemos do documento enviado pelo Sr. Secretário da Fazenda Dr. Arno Augustin. Muito obrigado. 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pelo artigo 145, Ver. Carrion, lastimavelmente, nós teremos que encerrar a Sessão. A Sessão poderá ser prorrogada, por prazo não superior a duas horas, para discussão e votação da matéria constante na Ordem do Dia, desde que requerida pelo Vereador ou proposta pelo Presidente e aprovada pelo Plenário. A Sessão será encerrada antes da hora regimental nos casos de caráter excepcional. Os trabalhos estão encerrados, baseado no artigo 146 do Regimento da Câmara.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h33min.)

 

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